Sabemos como é difícil a um partido no poder conseguir animar um congresso não eletivo. O problema agrava-se se, como é o caso, a economia e as finanças públicas não estiverem a dar más notícias e, sobretudo, quando há uns quantos escândalos que não podem ocupar demasiado palco - Sócrates, Pinho ou Pedro Siza Vieira. Como resolver o problema? Encontra-se uma causa fraturante? Estão quase esgotadas. Avança-se para um debate ideológico sobre o posicionamento do partido? Parece que o PS achou alguma piada a esta última solução..O debate que tem ocupado algumas das principais figuras do PS - boa parte delas passaram pelas páginas do DN ao longo da semana - tem tanto de interessante, num plano meramente académico, como de inconsequente. Sobretudo para partidos com o poder executivo nas mãos, a política é o exercício do possível. Alguém acredita que o PS, estando no governo e tendo sérias expectativas de vencer as próximas eleições, venha agora, a meses da pré-campanha, ensaiar um reposicionamento ideológico ou estratégico?.Mas o debate não deixa de ser divertido. Assistir a uma série de vozes do mesmo partido que, à falta de melhor assunto, passam semanas em entrevistas e artigos de opinião a tentar descobrir quantos milímetros estão à esquerda ou à direita uns dos outros é uma belíssima forma de entretenimento. Para quem goste de política, claro. É divertido, interessante, mas passa certamente ao lado do país eleitor, que está num outro meridiano, preocupado com o preço dos combustíveis, com as horas que perdeu à espera de uma consulta ou com a qualidade da escola onde vai ter de deixar os filhos no próximo ano..Não se espera, de resto, que António Costa gaste demasiado tempo com esta questão no discurso de logo à noite na Batalha. O líder socialista já esclareceu o que tinha a esclarecer. Na moção e, mais claro, na entrevista ao DN, em que deixou claro que "em equipa ganhadora não se mexe".