Anticiclone dos Açores

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Talvez se devesse celebrar, neste momento, a vitória dos Açores na luta pela sobrevivência da sua estação pública de rádio e televisão. A vitória também é dos Açores, mas é sobretudo de Portugal. E verifica-se tanto nas declarações de Poiares Maduro, durante a passagem pelo arquipélago, como no relatório recentemente elaborado pelo Conselho de Opinião sobre a necessidade e as urgências da estrutura.

Diz o ministro da Presidência que o futuro da estação "está assegurado" e que se trata agora de encontrar os modelos ideais de tutela e orgânica, até para que a estação possa candidatar-se a fundos comunitários destinados ao meio audiovisual. É um bom caminho. Os Açores não são apenas uma região ultraperiférica, com todos os desafios daí resultantes, como as suas ilhas enfrentam a cada instante o risco de se tornarem ultraperiféricas umas em relação às outras. O que está em causa - insisto - é a coesão do arquipélago, e portanto da região autónoma, e portanto do país também. A Europa deve contribuir.

E as pistas lançadas pelo relatório do Conselho de Opinião, órgão nem sempre dado a comprovar a sua importância com esta veemência, são de facto relevantes. A RTP/Açores tem de existir e não pode existir como existe agora. Precisa de meios técnicos, precisa de uma redistribuição (pelo menos) dos meios humanos e precisa de investimento operacional. Incluindo, provavelmente, um regresso à separação entre as redações da rádio e da televisão, de modo a garantir alguma pluralidade na informação e, consequentemente, uma maior proteção dos valores da democracia e dos interesses da sociedade civil em geral.

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