Viva nós

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Hoje é um dia para falar disto, é dia dos homens de boa vontade. Quero falar-vos de um povo, raça, tribo, etnia, grupo ou clube - prefiro chamar-lhe portugueses - com o cunho da boa vontade. Amo os portugueses. Mais do que isso, continuo a aprender a amá-los. Os portugueses são gente de boa vontade. Foi por isso que fizeram um cantinho, este retângulo e dois grupos de ilhas atlânticas, onde acusar o vizinho de "o outro" não cabe cá. Não é que não haja quem por cá despreze "o outro". Mas eles - esses, que desprezam - não são de cá, só que não sabem. De cá é a moça que diz ao pai alentejano: "Vou casar." E, depois, os dois falam, falam, do trabalho do noivo, se é bom rapaz... E a conversa acaba sem que venha à baila o rapaz ser transmontano. Somos o país europeu mais antigo com as fronteiras atuais, dizem as estatísticas da história. Mas o mais importante é que chegámos a essa condição por sabermos regar a nossa identidade. Como a moça casadoira e o pai, temos identidade abrangente. Bebemo-la no que fomos sempre, juntando povos que passaram por aqui. Entre juntar e separar - as duas atitudes que marcam as relações humanas - não somos da segunda. E até quando partimos continuamos a ser assim. Dois terços da América do Sul é um só país; o outro terço é uma dezena de países. Pois... E quando não há força para unir, integramo-nos na unidade do país que nos acolhe: os nossos imigrantes em França e nos Estados Unidos desapareceram na paisagem. D. Pedro I, libertador do Brasil, quando regressa a Portugal acrescenta um V de verdadeiro ao nome, ficou D. Pedro IV, porque os verdadeiros portugueses são os campeões da abrangência. Não se importam de parecer "trair" o passado, porque o essencial é fazer desse passado uma parte do que vem: juntar é a nossa identidade. Enfim, somos modernos. Coisa que Carles Puigdemont e os seus nunca irão compreender.

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