Escândalos para tansos

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Tendo-lhe sido perguntado, em entrevista na TSF, a ministra da Justiça, Francisca van Dunem, respondeu: "A Constituição prevê um mandato longo e um mandato único, penso que era essa a ideia subjacente à criação [do mandato] e portanto na perspetiva da análise jurídica que faço há um mandato único e um mandato longo." Falava-se do mandato do procurador-geral da República. Lembro que a Constituição diz (artigo 220.º, 3.º) o seguinte: "O mandato do procurador-geral da República tem a duração de seis anos (...)" Ora bem, estava montada a minhoquice do dia (pois estava já esgotada a do Centeno, o maganão que papava jogos no camarote Benfica a troco de apagar os IMI do filho do dono do camarote. A tal Francisca disse, pois, sobre o assunto: 1) "penso" e 2) "(...) portanto na perspetiva da análise jurídica que faço..." Para o baile! A que título a Francisca, lá por ser ministra e da Justiça, pensava e analisava juridicamente?! Se o jornalista lhe perguntou sobre o tal mandato, o que ela tinha para dizer era que, assim, seria de escabeche e, assado, seria com molho béchamel. Note-se que a entrevista foi de manhã e os programas de rádio de manhã pedem coisinhas boas, um soufflé, um raminho de coentros... Uma ministra da Justiça pôr-se a pensar, e em coisas jurídicas, estava a pedi-las. À tarde, no Parlamento, o líder da bancada do PSD, esse monumento do pensar em soufflé, revelava um e-mail: "És a maior, Francisca! Bj. Mário"... Perceberam a investigação? A ministra Francisca quer a procuradora-geral despedida em outubro, para que o Centeno volte para camarote da Luz quando a Joana acabar o mandato. Sorte a da Joana não ir já para o olho da rua, mas com o Benfica a jogar como está não vale a pena oferecer ao filho do Vieira nem uma taxinha, quanto mais um IMI.

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