Portugal, 42. Índia, 40

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O Relatório de Competitividade Mundial analisa cada ano cerca de 137 países com base nas respostas aos questionários feitos a um grupo de empresários de cada país; analisada a pontuação dada em cada um dos aspetos relevantes da competitividade os países são ordenados. Com o rigor que é possível, o ranking dá uma ideia aceitável e muito útil sobre o funcionamento da economia e das instituições do país e a sua capacidade de atrair investimentos. Começou a fazer-se no ano 2002.

Portugal subiu quatro posições neste ano, sobre o ano anterior, para se colocar no 42.º lugar. Teve boa pontuação no que se refere à educação, à saúde, à inovação e às infraestruturas. Mas foi mais débil no tocante ao ambiente macroeconómico e ao mercado financeiro.

A minha atenção foi logo a seguir para a Índia. Era natural que estivesse muito abaixo no ranking, pois contribuíam vários fatores do passado longínquo e do mais próximo, entre eles:

- o estado em que a deixaram os colonizadores, com uma esperança de vida de 32,5 anos e 17% de escolaridade, com grande parte da população subalimentada e quase a morrer de fome; com as suas indústrias, em particular a têxtil, destruídas e a agricultura ao abandono, pelos impostos que alimentavam o colonizador;

- o desastrado intervencionismo do Estado durante os 43 primeiros anos pós-independência, que semeou mais fome, burocracia e corrupção;

- apenas em 1991 se deu a abertura da economia com competição interna e externa que a fez crescer com pujança e a bom ritmo.

Nos últimos 26 anos, a Índia andou depressa e, mais ainda nos últimos três anos, de modo a situar-se no 40.º lugar, como uma economia competitiva, com disposição de avançar e melhorar ainda mais a sua posição.

Quais os aspetos relevantes da economia do país que influem na competitividade e que são considerados no estudo? São: a) instituições; b) infraestruturas; c) ambiente macroeconómico; d) saúde e educação primária e) educação superior; f) eficiência do mercado de bens; g) eficiência do mercado laboral; h) desenvolvimento do mercado financeiro; i) acesso à tecnologia; j)dimensão do mercado; i) sofisticação do negócio e j) inovação.

Num país europeu, com longa história colonial que ajuda sempre a economia, como é Portugal, com séculos de existência e estabilidade, as melhorias são relativamente pequenas, a não ser que haja uma liderança muito esclarecida que inspire confiança e faça o país trabalhar bem, na direção correta.

No Relatório, Portugal está muito bem classificado nas infraestruturas, tecnologia e inovação, saúde e educação básica, mas fica esmagado com os impostos e o funcionamento das instituições financeiras.

Se para Portugal as mudanças não são significativas, para a Índia a aposta em Modi e a sua determinação, para dentro da lei e metodicamente pôr o país na linha do forte desenvolvimento, apesar do lastro do passado colonial, está a surtir bons resultados. Daí que seja interessante ver que a Índia galgou posições, apesar da perda de anos com ideias intervencionistas absurdas.

A dimensão do mercado, a capacidade inovadora e a sofisticação dos negócios são favoráveis à Índia, mas desfavoráveis à disponibilidade tecnológica, à saúde e à educação básica, bem como as infraestruturas. De referir ainda que no ano 2012/13 a Índia estava na posição 59 em 144 empresas estudadas e passou para o n.º 39 entre 138, no ano 2016/17. Neste ano, caiu um ponto, que se atribui à alteração da metodologia utilizada.

A economia indiana introduziu o GST-Good and Services Tax, imposto único no país, que fez da Índia um espaço económico único. Além disso o Programa Make in India, em simultâneo com o Skill India, estão a fazer um país muito chamativo para volumosos investimentos, sobretudo na área industrial.

Professor da AESE -Business School e dirigente da AAPI

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