Coligações improváveis?
Rajoy não vê margem para dialogar com o PSOE, Sánchez recusa aprovar a recondução de Rajoy, Rivera propõe juntar PP e PSOE e Iglesias sugere que seja um "independente de prestígio" em vez de Sánchez a formar uma maioria de esquerda. Isto significa que desde a noite eleitoral só os líderes dos partidos emergentes forjaram hipóteses com algum interesse, deixando o impasse político arder nas mãos dos partidos tradicionais. A primeira conclusão desta semana é mesmo esta: Rivera quer ser o pivô da estabilidade governativa e da unidade do Estado, Iglesias continua firme no objetivo de fazer ao PSOE o que o Syriza fez ao PASOK, expô-lo a uma rápida erosão. Deste ângulo, e mantendo-se o impasse negocial, emerge a ideia da substituição forçada das lideranças do PP e do PSOE em favor de uma solução de compromisso. Não há tradição que acomode este tipo de manobras em Espanha, mas o quadro político é todo ele uma novidade. Desse ponto de vista, com uma retaguarda discreta do rei, pode ser uma solução que faça o seu caminho até 13 de janeiro, data da tomada de posse do novo Congresso. A experiência de governo de Soraya de Santamaría e o facto de ter estado em vez de Rajoy num dos dois debates a quatro na campanha, dão-lhe estatuto suficiente para fazer parte da solução. Por seu lado, o desconforto socialista com a liderança de Sánchez, tão falhada que resultou no pior resultado da história do PSOE, pode contribuir para encontrar alternativas em favor de compromissos, com a dúvida a pairar sobre a sua natureza (com Ciudadanos e PP? Podemos/Podemos regionais e Ciudadanos? Podemos/Podemos regionais, Unidad Popular, abstenções dos restantes?) Em tese, a primeira hipótese é bastante mais inviável, mas as pressões da economia e da coroa e o momento existencial que Espanha atravessa podem favorecê-la. O PSOE só tem más opções, mas que elas existem, existem.