Time's Up

Publicado a
Atualizado a

O sentido de igualdade tem de vir de dentro de nós", gritou a atriz Scarlett Johansson no palco da Women"s March Los Angeles. Os gritos e palmas afogavam o seu discurso apaixonado sobre assédio sexual e o movimento #Me Too, enquanto os telemóveis se levantavam para filmar o momento. Estamos na capital do cinema, por isso o desfile de celebridades misturou-se com o dos políticos democratas e ativistas imigrantes e LGBT. Natalie Portman contou como começou a ser assediada aos 12 anos, quando fez o primeiro filme. Eva Longoria enquadrou a marcha num movimento que vai além de qualquer político, porque o que se pede é "uma mudança sistemática para as mulheres na América, por salários e representação iguais". Rachel Platten cantou a sua Fight Song, a música que Hillary Clinton escolhera para a campanha em que foi derrotada, e pôs toda a gente de punho no ar.

Setecentas mil pessoas marcharam em LA, fazendo deste o maior protesto do país. Maior do que Nova Iorque, maior do que Washington DC, num testemunho do que a cidade pretende ser na era Trump: a capital progressista da América. "Falo hoje não apenas pelas mulheres Me Too mas também por todas as mulheres que continuam em silêncio", disse Viola Davis, projetando a voz sobre o entusiasmo da multidão. A protagonista de How to Get Away With Murder fez o discurso mais poderoso, que deixou olhos embaciados, falando do tráfico sexual de raparigas e das ativistas que precederam este movimento quando a sociedade não estava disposta a ouvi-las. Agora está. E as vozes não são apenas femininas. Por todo o lado se viam homens de todas as idades e etnias empunhando cartazes, gritando, de punho no ar. Porque, como se disse insistentemente neste dia de resistência, Time"s up. Já não há volta atrás.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt