Deu empate! E agora?
A ideia de que na política, tal como no futebol, o êxito se mede pelas vitórias jogo a jogo levou os "rebeldes" da bancada social-democrata a exigir a Fernando Negrão uma vitória no primeiro round. No fim, o debate morno terminou em empate e a guerra civil ficou adiada. É o pior resultado para o analista que habita o Palácio de Belém. Ou o contrário, tendo em conta que muitas vezes é preciso ter cuidado com o que se deseja.
Marcelo vive na ambiguidade de quem quer uma coisa e o seu contrário. Digamos assim: Marcelo diverte-se a ver a balbúrdia em que se transformou o PSD com a eleição de Rio e assusta-se a pensar nos resultados que pode ter aquilo que o diverte. Os recados de Belém, que lemos na comunicação social, mostram Marcelo desejoso de ver Rio a estatelar-se e receoso de que os seus desejos se tornem realidade.
Na fogueira em que se transformou a barraca dos sociais-democratas, a análise feita pelo analista Marcelo alimenta as duas partes. Por um lado, dá ânimo aos rebeldes assegurando-lhes uma visão histórica de resistência nas trincheiras parlamentares. Por outro lado, dá força a Rio, lembrando que só se impede uma maioria absoluta do PS com um partido unido em volta da liderança.
Marcelo já nem pensa tanto na alternativa de políticas, talvez porque adivinha demasiada proximidade entre o (seu) PSD e o PS. O que lhe importa agora é sublinhar a necessidade de uma alternância. A expectativa de ter o mesmo líder partidário com o poder executivo por mais quatro anos assusta quem quer que esteja em Belém. É demasiado tempo para um Presidente estar alinhado com um governo.
A charneira da partidocracia portuguesa vai fazendo o seu caminho. Já governou coligado com o PSD, coligado com o CDS e agora com o apoio parlamentar do PCP e do Bloco de Esquerda. Marcelo é o mais popular dos políticos, mas Costa é quem detém o poder. Pelo nervosismo dos seus parceiros parlamentares já se percebeu que o PS, estando na frente, vai jogar para não perder o que já conquistou. Estão todos a empatar!