Crescer mesmo

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Primeiro foram os sindicatos, depois o PCP e agora Jerónimo de Sousa reafirma que o salário mínimo tem de subir já para os 600 euros. António Costa, que além de negociar com os partidos que o apoiam tem de mostrar as contas em Bruxelas, tem uma visão mais morna da coisa e prefere esperar pelo fim da legislatura para atingir essa fasquia. E as empresas, a braços com níveis de alavancagem incomportáveis e com o investimento a custar a arrancar, começam a fazer contas aos 44 milhões que lhes custaria subir o salário mínimo para esse valor já no próximo ano. Mesmo sem aquele incremento nos custos, nos primeiros oito meses deste ano foram 5002 a fechar as portas, mais 9% do que até agosto de 2015, e o ritmo de criação de novas empresas baixou em 3,5 pontos. E enquanto isso, Bruxelas vai avisando que uma remuneração mínima de 600 euros num país em que um quinto dos trabalhadores recebe por essa bitola é prejudicial para o emprego. É verdade que há ainda muitas dificuldades que o país e as empresas têm de ultrapassar, mas se olharmos para os números que mostram que o consumo está estagnado, a poupança atingiu níveis historicamente baixos e o endividamento se mantém demasiado alto, só podemos concluir que há algo de errado nesta equação. Usar os salários baixos como fator de competitividade não resulta. Já se percebeu. É preciso que o país invista na educação e na especialização para melhorar as suas hipóteses de sucesso. Que crie condições para captar investimento - mexer nos impostos a cada 15 dias está longe de ser uma fórmula de sucesso. E é preciso que as empresas continuem a reinventar-se, a reduzir a alavancagem e a fazer um esforço de procura de novos mercados para terem condições de beneficiarem desse talento acrescido e de o pagarem a um preço justo. Enquanto continuarmos a contar tostões não será possível encontrar caminhos que nos levem ao verdadeiro crescimento económico.

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