O “turbo-carvão-Trump” e uma “África Verde-Europa”!
A “semana das tarifas” ofuscou outra façanha digna de nota do presidente Donald (seria bom que passássemos todos/as a tratá-lo desta forma, já que de um pato se trata!). O presidente Donald, dizia, assinou a oito, uma Ordem Executiva que faz “terra-queimada” de leis ambientais que interditam prospecção, bem como “libertou terra federal”, “área protegida”, em português, com o objectivo de “turbo-charge coal mining in America”, nas palavras do PR Donald, “turbinar o carvão e tornar a América grande de novo”, em português!
A distopia foi projectar um século XXI limpo, urbano e muito-mais-decente que este, no chamado mundo ocidental. E perante o falhanço do homem branco, resta África para redimir o outro!
África e a(s) vontade(s) europeia(s)
Perante as pressões do lóbi do carvão da nova “Administração Tio Patinhas”, em África (a ideia é fazer do continente a “central de carvão da América”), conjugado com o aumento de tarifas e cortes nos financiamentos de cariz humanitário ao continente africano, o contra lóbi que as agências de cooperação europeias deverão estar a fazer, é a de alertar as lideranças africanas de erros básicos que não podem cometer, para próprio benefício da continuidade dos regimes nos respectivos países! Que erro(s) África não pode cometer:
Primeiro e tendo em conta o tamanho que a rubrica “alterações climáticas” tem actualmente nos cadernos de encargos dos investimentos no continente, não serão aconselhados o uso de combustíveis fósseis, sendo o carvão o mais sujo de todos. A reactivação destas centrais e o uso deste minério, em muito contribuirá para secas, cheias e tempestades próximas, que dizimam plantio e gado, subjugando as populações ao eterno ciclo da dependência;
Segundo, os africanos não se podem deslumbrar com a “política quântica” de Trump como se de um realismo-mágico se tratasse! O tipo vem com falinhas mansas pela frente sobre indústria e desenvolvimento e também pela frente, corta a direito o financiamento da USAid, precisamente o equilibrador de quem vive na franja-da-franja e provavelmente trabalha nessa indústria e nesse desenvolvimento. Isto não é liderança, é soberba;
Terceiro, África vergar-se a mais esta vontade do Pluto(crata) Trump, será suicídio económico. Voltar ao carvão em 2022 (relatório da Christian Aid, dessa data), significaria para África, de acordo com a trajectória climática projectada, perder 64% do PIB em 2100;
Quarto, a Europa precisa de finalmente concretizar o que tem projectado para a “África verde parceira”, apresentando-se como única alternativa à escuridão do carvão, através da luz do sol!
Politólogo/arabista www.maghreb-machrek.pt
Escreve de acordo com a antiga ortografia