O sinal positivo das agências de rating

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O problema das más notícias, para além dos factos concretos que as originam, é tomarem de assalto as primeiras páginas dos jornais, as aberturas dos noticiários televisivos e os alinhamentos das rádios, não deixando qualquer espaço para o resto, nomeadamente as boas novas.

Assim foi com a fuga da cadeia de Vale de Judeus e com a tragédia dos fogos, pelo que passou despercebida a notícia da última sexta-feira que dava conta da melhoria do outlook da notação que a agência Fitch atribui a Portugal.

Não é que tenha sido um salto quântico na notação. Contudo, a passagem da perspetiva “estável” para “positiva” relativamente à notação “A-” confirma um percurso de consolidação da avaliação que as agências de notação fazem de um país cuja dívida soberana andou mais de uma década pelo nível de “lixo”.

Na presente data, todas as agências de notação de risco colocam Portugal no patamar A. Para além da Fitch, também a DBRS (A, positivo), a Moody’s (A3, estável), a Standard & Poor’s (A-, positivo) e a Scope (A-, positivo) entendem que comprar dívida portuguesa é um investimento de qualidade, o que tem como consequência a possibilidade de o país aceder ao crédito em melhores condições e diversificar as fontes de financiamento, reduzindo assim o fardo dos juros.

Ao que tudo indica, o olhar de fora para dentro sobre a saúde e a estabilidade das nossas contas públicas é bem mais positivo do que o retrato permanente dramatizado que nos é vendido diariamente pelos agitadores domésticos, que tendem a colocar no mesmo frasco e misturar tudo o que pode assustar os cidadãos, na procura de dividendos que tanto podem ser mais uns votos, uns pontos percentuais de audiência ou um acréscimo de protagonismo.

A agitação política dos últimos tempos, com a convocação antecipada de eleições nacionais e regionais, não tem ajudado muito à estabilidade. Mas estes são os mecanismos da democracia a funcionar, independentemente de serem passíveis de melhoria. Este tipo de dinâmica política é observado também em muitos outros países europeus, não significando tal que o seu projeto económico e social e a estabilidade das suas contas públicas estejam em crise.

Apesar dos solavancos, quem nos avalia do exterior confia no rumo que tem sido seguido na última década, mesmo quando a liderança do governo mudou de cor. Guerrilha política à parte, o desígnio da consolidação das boas contas públicas, materializado pelos superávites orçamentais, pela redução da dívida, pelo baixo desemprego, pela melhoria da balança comercial e pelo crescimento do PIB, veio para ficar na ação dos nossos governos, sejam socialistas ou sociais-democratas. É isso que as agências de notação nos estão a dizer, refletindo-o no rating do país.

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