O que fazem em Lisboa os líderes de hospitais privados de toda a Europa?

Hoje, 25 de maio, teremos em Lisboa 250 altos quadros dos hospitais privados de toda a Europa para reconhecerem boas práticas e receberem inspiração para continuarem a servir melhor. O setor da Saúde é posto à prova todos os dias e em todos os momentos - exige-se, por isso, excelência e elevados padrões de desempenho. Os prémios entregues hoje servem de incentivo a este trabalho permanente, mas também ilustram o registo dos grandes progressos que têm sido feitos.

A área em que operamos é da máxima sensibilidade. Na verdade, a saúde é hoje umas das maiores preocupações as pessoas. Todos percebemos que um atraso no diagnóstico ou no tratamento ou ainda uma intervenção menos adequada têm implicações que podem ser decisivas para a qualidade de vida. A excelência é e deve ser o nosso compromisso com as pessoas que procuram os serviços de saúde. É uma tarefa sem fim, nunca acabada, e que temos de perseguir explorando os limites da técnica e aproveitando os conhecimentos de quem consegue desempenhos extraordinários.

Escreveu o prof. Augusto Mateus que a efetiva sustentabilidade dos sistemas de saúde passa cada vez mais por "maximizar a satisfação dos doentes e por lhes prestar um serviço personalizado". Quem não entender este desafio está condenado ao fracasso.

A excelência nos hospitais também deve ser um objetivo na gestão das carreiras e percursos dos profissionais de saúde. Já hoje é assim, mas no futuro próximo ficará ainda mais evidente que a saúde é uma área fortemente intensiva em trabalho, em trabalho altamente especializado, e nenhuma máquina ou inteligência artificial substituirá a componente de inteligência emocional - e de saber cuidar - que os médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, técnicos diversos, entre outros, asseguram.

A Europa tem uma profunda crise de profissionais de saúde. Não é apenas em Portugal que ela se manifesta com consequências preocupantes. Temos de saber atrair jovens talentos para esta área, dar-lhes um ambiente de trabalho motivador e satisfatório e promover a sua formação e retenção num sistema que necessariamente tem de dar resposta 24 horas por dia e 365 dias por ano.

Não é uma escolha fácil. A pandemia mudou a relação das pessoas com o trabalho. A saúde não é exceção. Os profissionais de saúde também procuram hoje um maior equilíbrio entre trabalho e vida privada. É uma mudança de grande relevância com impactos objetivos na gestão dos hospitais e da saúde.

Os hospitais também devem afirmar-se como exemplos na sua relação com a comunidade. Note-se que os hospitais são das maiores organizações dos países e das cidades: são unidades com centenas ou milhares de colaboradores que recebem diariamente milhares de doentes e seus familiares, que têm relação com um número muito elevado de fornecedores - medicamentos, dispositivos e equipamentos, alimentação, consumíveis diversos, etc.- e de outros stakeholders, tais como associações de doentes, autarcas, ordens profissionais e sindicatos.

Os hospitais têm uma enorme responsabilidade social e, também por isso, é tão importante que cada vez mais sejam ativos e pioneiros em termos de ESG (Environmental, Social and Governance, que o mesmo é dizer Ambiental, Responsabilidade social e corporativa e Governance). A introdução destes desafios na gestão e a consciencialização dos profissionais para estas responsabilidade é uma mais-valia e um instrumento para que exista um crescente apoio junto da comunidade, através da promoção de boas práticas no que respeita ao desenvolvimento sustentável.

A excelência dos hospitais é, por fim, um imperativo para a sustentabilidade financeira dos sistemas porque só com melhorias da eficiência será possível continuar a satisfazer a procura crescente de cuidados de saúde decorrente do envelhecimento da população, da maior literacia, das legítimas expectativas dos cidadãos e da maior amplitude de respostas terapêuticas.

É absolutamente fundamental que a despesa em saúde seja comportável para os cidadãos e para os contribuintes. Mais: a saúde não pode ser um fator de desigualdade: a saúde do país depende desta capacidade de puxar todos para cima, em especial nos momentos de maior fragilidade. Embora estes argumentos sejam muitas vezes desvalorizados por preconceito ideológico, os hospitais privados, com os seus incentivos destinados ao aumento de eficiência, podem aportar significativas poupanças para a generalidade dos pagadores e também para o SNS - as parcerias com os privados são um exemplo reiteradamente confirmado pelo Tribunal de Contas.

É precisamente por causa dos exemplos de excelência dos hospitais privados europeus que temos a Gala de hoje. Os Prémios Europeus dos Hospitais privados são uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Hospitais Privados e da UEHP, com o Alto Patrocínio do Senhor Presidente da República, e tem como um dos objetivos dar visibilidade ao que de melhor se faz e quem o faz no panorama europeu. Estes prémios tiveram a primeira edição em 2022 e este ano pretendemos distinguir projetos que demonstrem ser:

1. A melhor iniciativa de Prevenção;

2. A melhor iniciativa focada no paciente;

3. Um modelo de inovação clínica;

4. O mais colaborativo na saúde

5. O hospital mais verde e/ou socialmente mais responsável da Europa;

6. Excelência no local de trabalho;

Nesta segunda edição, que acontece em Lisboa, assistimos a uma enorme participação, com 87 candidaturas - mais 20% que no ano passado -, de dez países europeus: Itália, França, Espanha, Suécia, Polónia, Áustria, Alemanha, Bulgária, Grécia e Portugal.

Hoje à noite saberemos quem são os vencedores das diferentes categorias, mas temos, desde já, uma certeza: os principais vencedores são os utilizadores dos serviços destes hospitais de excelência. Na verdade, enquanto cidadãos que defendemos o acesso universal a sistemas de saúde adequados às necessidades, estes prémios comprovam o caminho feito.

Óscar Gaspar, presidente da APHP

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG