O que está em causa

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Quando se fala no Novo Mundo Multipolar está a falar-se, na prática, na construção de dois blocos antagónicos, a saber: o bloco defensor das democracias representativas e de uma economia social de mercado (com preservação de direitos sociais, com regulação dos mercados e tendencial transparência governativa ), ao qual foi atribuída a designação genérica de países ocidentais; e o bloco defensor de regimes autocráticos, com alguns países híbridos, liderado pela China e pela Rússia e que se pretende, agora alargar aos BRICS.

Outras potências intermédias poderão emergir, mas sem a relevância das que referi, com possibilidade de se aliarem preferencialmente ao bloco de países democráticos (com os EUA, o Canadá, o Reino Unido, o Japão, a Austrália e os que integram a UE) ou, em alternativa, ao bloco de países autocráticos.

Não haverá, nos anos mais próximos, um mundo multipolar, mas, tão somente, um mundo bipolar.

Sendo certo que alguns autores pretendem justificar a relevância dos BRICS com base no critério demográfico, manda a verdade reconhecer que o PIB per capita  médio dos mesmos não chega a 20% do PIB per capita  médio dos países ocidentais e que existe uma diferença abissal, em termos de consistência e de desenvolvimento, entre o sistema financeiro ocidental e os sistemas financeiros dessa hipotética alternativa.

Existem líderes de alguns Estados ocidentais (felizmente, em número reduzido) que assumem posições de cumplicidade com líderes de países autocráticos, dando, claramente, a sensação de que pretendem sabotar a democracia ou de que são norteados por interesses meramente pessoais - mais ou menos escabrosos - que nada têm a ver com os interesses dos respetivos países.

É neste quadro que nós, cidadãos do mundo, somos, também, chamados a fazer opções.

E é, também, neste quadro que as eleições da próxima terça-feira nos EUA se apresentam da maior relevância.

Como é, ainda, pelas razões atrás explicitadas que a opção a fazer nos EUA é entre Kamala e Trump.

E é pelas razões expostas que o autor do presente artigo tem esperança numa vitória de Kamala. Na certeza de que se enganam aqueles que julgam que os europeus terão de aceitar a rendição da Ucrânia ao sr. Putin, em caso de uma vitória Trumpista.

Nesse caso, a Europa terá de acordar para um reforço da sua unidade interna e para uma intensificação do apoio à Ucrânia, abandonando posições comodistas do passado.

Nem mais, nem menos…

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