O português que se fala no Atlântico
A CPLP é uma comunidade que abrange nove países, situados em quatro continentes, unidos pelo Atlântico, mar comum, num espaço de encontro e de diálogo entre culturas e civilizações diferentes, em que é cada vez mais acentuada a necessidade de uma nova carta do humanismo, que ultrapasse as fronteiras geográficas e represente um forte bloco económico.
A relevância da CPLP, nesse contexto, assume uma importância fundamental, enquanto espaço privilegiado para promover o diálogo intercultural e a cooperação entre os países atlânticos, destacando-se a diversidade e a ligação linguística e cultural, presentes na comunidade.
Por outro lado, a sua importância vai muito além da língua e da cultura, através da riqueza ímpar dos seus recursos naturais, e das suas características singulares ao nível do comércio marítimo, do turismo e da cooperação regional.
A Humanidade deve ter um olhar cada vez mais positivo sobre as mais-valias do Atlântico Sul, reconhecendo os benefícios que esta região pode oferecer. Existem várias razões pelas quais o Atlântico Sul, onde se encontram os países CPLP, constitui uma fonte de riqueza e de oportunidades nos vários setores de atividade.
Reitero a relevância dos recursos naturais, abundantes na região do Atlântico Sul, tendo como grandes exemplos o petróleo, gás natural, minerais e pesca, apresentando também uma enorme biodiversidade marinha. Estes recursos podem impulsionar o desenvolvimento económico e social dos países que integramos.
O Atlântico Sul assume-se também como uma importante rota de comércio e transporte marítimo, ponto de ligação de diferentes continentes e que facilita o comércio e intercâmbio de mercadorias e pessoas. Os portos estratégicos ao longo da costa desempenham um papel crucial no comércio internacional.
Outro exemplo está relacionado com o enorme potencial para o aproveitamento das energias renováveis, como a energia eólica e das marés. A exploração dessas fontes de energia limpa pode contribuir para a transição para uma matriz energética mais sustentável e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Os países CPLP são também agraciados com praias paradisíacas, uma enorme diversidade de ecossistemas marinhos e uma cultura rica, que atrai turistas de todo o mundo. O turismo sustentável constitui uma base para impulsionar a economia local, permitindo a criação de muitos postos de trabalho.
Finalmente, a ligação do Atlântico oferece oportunidades de cooperação regional entre os países que compartilham a mesma costa, através de acordos e parcerias, para promover o desenvolvimento conjunto, incentivando a partilha de conhecimentos e recursos.
Em suma, torna-se premente um maior reconhecimento e valorização do Atlântico Sul, e uma abordagem responsável à exploração dos seus recursos. A cooperação entre os países da nossa comunidade, aliada a uma visão estratégica a longo prazo, pode garantir que o aproveitamento dos mesmos será feito de forma equitativa e sustentável, beneficiando não apenas os estados-membros, mas também a Humanidade como um todo.
É essa a perspetiva que o ilustre filósofo Edgar Morin irá hoje abordar, numa conferência em que nos irá honrar com o seu olhar experiente, expondo um pensamento centrado numa Humanidade que realmente necessita dos valiosos recursos que o Atlântico tem para oferecer.
Há ainda a considerar a nova presidência pro tempore da CPLP com o tema Juventude e Sustentabilidade, que representa uma oportunidade única para colocar em prática a visão de Morin sobre o Atlântico como um espaço de encontro e cooperação. Os jovens são agentes de mudança e têm um papel crucial na construção de um futuro sustentável. Ao promover a participação ativa da juventude dos países lusófonos, a CPLP pode inspirar e liderar o caminho para outras ações no caminho da sustentabilidade, reforçando o valor estratégico do Atlântico no futuro dos países CPLP, mas também de toda a Humanidade.
Presidente da Confederação Empresarial da CPLP