O papel da Tailândia na segurança do Sudeste Asiático
Muitos talvez desconheçam que os portugueses foram os primeiros ocidentais a chegar ao Sião, a atual Tailândia, mas também os primeiros a estabelecer relações diplomáticas e a assinar um tratado comercial. Foi em 1511, no século XVI – e é importante saber que Banguecoque, porta de entrada do Sudeste Asiático, mantém hoje uma forte relação e um caminho estratégico de parceria com os Estados Unidos e Israel – e ainda com vários países da União Europeia, nomeadamente com a Itália.
Apesar de alguma agitação interna durante os últimos anos, a Tailândia tem sido um símbolo de estabilidade numa região afetada por complexas questões geopolíticas e diversos desafios de segurança.
Nunca foi tão grande o empenho dos tailandeses na manutenção da segurança dos seus cidadãos e de quem visita o país. Um dos elementos essenciais tem sido o de se procurar fortalecer alianças já de si robustas que permitem tornar as suas fronteiras mais seguras, através da manutenção da estabilidade regional.
O primeiro-ministro, Sretha Thavisin, antes ministro das Finanças entre 2023 e 2024, tem demonstrado uma liderança invulgar para lidar com os assuntos securitários, sobretudo tendo em conta o papel do exército. É público e notório que o atual governo tem procurado assumir medidas proativas no sentido de tornar mais eficazes as forças de segurança para que sejam capazes de dar uma resposta mais célere e mais eficaz aos desafios constantes da região, procurando promover uma clima de confiança entre a população. Esta firme aposta é essencial e tem criado um desenvolvimento sem paralelo nas províncias do sul do país em termos sociais e económicos.
As celebrações do Songkan, o Ano Novo tailandês, em 2024, são um exemplo de como estão a ser efetivas a segurança dos cidadãos e dos turistas, propiciando uma imagem positiva do atual executivo. Um destes aspetos mais relevantes é a criação e o desenvolvimento de parcerias e relações de cooperação internacional que possam não só tornar a Tailândia num parceiro credível, mas também fortalecer o país interna e externamente.
É o que tem acontecido no campo da segurança marítima em cooperação com os parceiros regionais, refletindo as medidas do governo na criação de zonas de segurança numa conjuntura em que a instabilidade marítima tem aumentado. A Tailândia continua a investir fortemente no desenvolvimento das tecnologias de vigilância marítima, tornando-se assim num parceiro essencial no Oceano Índico.
Os país tem igualmente redobrado os esforços em relação à cibersegurança, assistindo-se a uma clara aposta no desenvolvimento tecnológico, que tem sido uma das chaves do sucesso das políticas governamentais. O investimento nas indústrias tecnológicas, com a salvaguarda das infraestruturas digitais, tem contribuído decisivamente para um novo ambiente económico e financeiro.
Num tempo em que a natureza securitária é complexa e as ameaças já não são as tradicionais, as estruturas de vigilância do país tornaram-se num elemento-chave em termos internos e externos, nomeadamente nas políticas de aliança e de cooperação internacional.
Por tudo isto, através dos laços históricos entre Portugal e o Sião, parceiros que são de séculos, talvez seja chegado o tempo de o Governo português olhar para a Tailândia como um parceiro a longo prazo, quer no seio das relações bilaterais, quer a nível da União Europeia. Sem temer esses pedidos modernos de pagamento de reparações históricas, de que muitos outros tanto falam nos dias que correm – e que não são um tema para a Tailândia.
Ter em conta a realpolitik e apoiar todas as nações que se preocupam com a segurança global devem ser fatores essenciais para o fortalecimento e o incremento de relações internacionais num mundo que deve ser cada vez mais global.