O novo mundo do trabalho “híbrido”: misto de humano e artificial
Em 2025, aos modelos de linguagem IA (LLMs - Large Language Models) como o GPT-4, Claude, Gemini, DeepSeak ou Grok, sucederão os agentes de inteligência artificial (IA) como protagonistas em ascensão no mundo do trabalho. Alimentados por avanços em IA generativa e modelos de linguagem, passaram de curiosidades tecnológicas a verdadeiros “colegas digitais”, assumindo tarefas, interagindo com humanos e moldando a produtividade. Estes agentes de IA são sistemas compostos que conjugam LLMs com ferramentas externas, memórias persistentes, planeamento multietapas, interações com APIs e a execução de tarefas em ambientes reais. Estas ferramentas otimizarão operações, responderão a clientes e apoiarão a tomada de decisões, como verdadeiros “trabalhadores virtuais” especializados. Empresas como OpenAI, Google, Anthropic e Microsoft estão já a desenvolver sistemas multiagente (v.g. Team Agents, OpenAI Auto-GPT Teams, Gemini + Actions), a integrar agentes em fluxos de trabalho empresariais complexos e a adotar modelos que combinam planeamento com raciocínio via LLMs. Em todo o caso, o uso de IA cresceu exponencialmente. Em 2024, 78% das organizações utilizavam-na em pelo menos uma função, face a 55% no ano anterior. Gigantes como a Microsoft integraram agentes nos fluxos de trabalho, promovendo a colaboração entre humanos e sistemas inteligentes. Fala-se por isso de uma nova “força de trabalho digital”, onde agentes realizam tarefas com autonomia parcial e raciocínio aprofundado. No entanto, apenas 1% das empresas terão IA totalmente integrada, refletindo um caminho ainda em construção. De qualquer modo, a introdução destes agentes ou multiagentes de IA está a transformar a interação laboral, enquanto deixam de ser ferramentas passivas e se tornam parceiros ativos. Na verdade, estes recursos digitais colaboram com os recursos humanos em equipas mistas, assumindo funções rotineiras e até de raciocínio mais avançado, competindo aos profissionais supervisionarem e tomarem as decisões críticas. Um agente pode, por exemplo, atender um cliente, identificar um problema e executar ações subsequentes. Esta convivência exige a necessidade de redefinir papéis, mas não pode prescindir de promover o elemento humano como central no “novo organograma” das empresas. O avanço tecnológico impõe também a aquisição de novas competências. A literacia digital – em especial em IA – é fundamental. Saber formular instruções (prompts), interpretar respostas, avaliar algoritmos, saber conjugar as funcionalidades dos diferentes modelos de IA e de diferentes agentes, torna-se parte integrante de qualquer função. Em paralelo, as chamadas soft skills ganham nova relevância: criatividade, pensamento crítico, empatia e colaboração, são competências humanas insubstituíveis e que serão cada vez mais valorizadas. O investimento em formação, upskilling e reskilling torna-se estratégico para manter a força de trabalho relevante. O impacto na produtividade, por seu lado, é evidente: estudos apontam para um aumento até 33% no rendimento horário com apoio de IA. Os agentes permitem completar tarefas com mais rapidez e qualidade, libertando tempo para atividades de maior valor. Nas empresas, funções repetitivas migram para estes sistemas, enquanto emergem novas profissões ligadas à gestão e integração de IA. A estrutura organizacional tenderá à horizontalidade, exigindo lideranças que consigam conjugar o elemento humano com o artificial. O futuro do trabalho será, inevitavelmente, construído numa parceria entre inteligência natural e artificial e o desafio está em garantir que esta relação seja produtiva, justa e humanamente enriquecedora.
Sócio fundador da ATMJ – Sociedade de Advogados