O Futuro em 2025 está a chegar mais rápido do que pensávamos
O futuro avança a uma velocidade estonteante. O que antes era uma visão de ficção científica tornou-se o nosso presente, com a inteligência artificial (IA), a biotecnologia, as alterações climáticas e as transformações sociais a remodelarem o mundo a cada momento. Este é um dos cenários que o Grupo dos Futuros da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI) nos convida a explorar, refletindo sobre as forças que moldam a humanidade e os desafios que se avizinham.
Geoffrey Hinton, reconhecido como o “pai” da inteligência artificial e laureado com o Nobel em física pelo seu contributo na área, destacou numa entrevista para a BBC, neste fim de ano, que o ritmo de desenvolvimento da tecnologia está a ser “muito mais rápido” do que se esperava e estimou que existe uma probabilidade de 10 a 20% de a IA nos conduzir à extinção humana nos próximos 30 anos. Anteriormente, o cientista havia avaliado essa possibilidade em 10%.
Façamos um exercício de antecipação estratégica, não apenas na perspetiva tecnológica, mas também numa visão sobre como a sociedade se deve adaptar e responder à aceleração do progresso. Não queremos ver as tendências tecnológicas apenas com fatalismo, mas como ferramentas para compreender o impacto do que está para vir e lembrar que a humanidade ainda terá a oportunidade de moldar o seu futuro, se agirmos com intenção.
Um dos grandes temas é a forma como a IA e a automação se tornaram motores centrais de transformação em todos os setores. Não estamos a falar apenas de máquinas que fazem o trabalho humano, mas de sistemas que já influenciam as decisões que tomamos, as políticas que implementamos e a ética que orienta a nossa convivência.
Há uma tensão evidente, pois enquanto estas tecnologias prometem resolver problemas globais, como a saúde e a fome, também apresentam riscos significativos, como o aumento da desigualdade e a manipulação massiva de informação.
Outro ponto que merece destaque é o impacto das alterações climáticas no mundo dos negócios e da inovação, pois à medida que enfrentamos as crises ambientais cada vez mais frequentes, as empresas e os governos são pressionados a abraçar soluções sustentáveis. O tempo para a inação já passou e será que estas mudanças acontecem com a rapidez suficiente para evitar o colapso climático?
O que torna esta reflexão particularmente relevante é o foco na imprevisibilidade humana. Se as tendências tecnológicas e climáticas podem ser monitorizadas e estudadas, o comportamento humano continua a ser um enigma. Como lidaremos com as mudanças? Como escolheremos priorizar o que importa fazer? Num mundo interconectado, onde as fronteiras entre o físico e o digital se esbatem, torna-se cada vez mais difícil prever a direção que iremos tomar.
A ciência e a tecnologia dão-nos ferramentas para monitorizar tendências, prever fenómenos naturais e até antecipar os efeitos de crises climáticas. Modelos complexos, alimentados por dados em tempo real, prometem revelar os segredos de um mundo em constante transformação. Mas por enquanto nenhum algoritmo consegue descodificar o comportamento humano, pois somos e sempre seremos, a variável mais imprevisível no equilíbrio frágil do planeta.
A ciência, em todas as suas dimensões, desafia a política a olhar para o futuro como um espaço de responsabilidade humana. O futuro não acontece por acaso, pois é construído por grandes e pequenas escolhas, que fazemos no presente. É necessário fazer um apelo à ação, para que pensemos com intenção, inovemos com propósito e cuidemos do planeta e das pessoas que nele habitam.
Se o futuro está a chegar mais rápido do que esperávamos e a conduzir-nos ao caos e à extinção, cabe-nos a nós garantir que ele seja um lugar onde todos possamos viver e prosperar.