O elevador ideológico da habitação

O "pacote" legislativo do Governo, que esteve em consulta pública até à passada sexta-feira, englobava a maioria das propostas de lei que integram o Programa Mais Habitação. Sendo de reserva da Assembleia da República, tiveram de passar pelo Parlamento.

O resultado dessa consulta pública terá a sua apresentação final no próximo dia 30. Convém recordar que o referido programa tem sido objeto de críticas à esquerda e à direita.

A verdade, porém, é que desde a sua apresentação a vida política portuguesa tem vivido momentos diferentes. Pode mesmo dizer-se que houve quem criticasse - como já se deixou expresso - em ambas as alas do parlamento. Não obstante, de uma forma ou de outra, as propostas foram chegando, o Governo foi ouvindo e aguarda-se agora o resultado da consulta pública levada a cabo.

Ao dia de hoje, se fosse necessário enumerar o mérito mais relevante do Programa Mais Habitação teria definitivamente de realçar que o mesmo conseguiu a proeza de traçar uma linha vermelha. De um lado colocou aqueles que tinham propostas e ideias, e pretenderam debater construtivamente o tema da habitação, do outro deixou os que apenas conseguiram discutir com enfoque em pessoas ou factos cruzados.

A bondade das propostas apresentadas, em ambas as fações, foi notória. Porquê? Porque à esquerda se dizia proteger os interesses do grande capital e à direita alegavam-se ataques contra a iniciativa privada, numa perspetiva de estatização do que era privado. A benevolência referida aconteceu porque quando as duas equipas criticam o árbitro é um claro sinal de que o seu trabalho foi bem feito para o espectador.

Outro ponto merecedor de destaque foi o silêncio em que alguns se viram mergulhados. Como o tema não é populista e obriga a algum estudo da matéria, certas extremidades parlamentares confrontaram-se com o seu próprio desconhecimento e limitaram-se a observar os elevadores a subir e descer.

A parte do silêncio não foi necessariamente má. Não debater gratuitamente estes temas técnicos muito relevantes para a vida das pessoas foi positivo. Assim, evitaram-se desperdícios de tempo, gerando, eventualmente, confusão nos menos esclarecidos.

Criticar "porque sim" é sempre mais fácil do que propor o que fazer, sendo ainda mais difícil executar. Em jeito de conclusão, já que o elevador não para o melhor é mesmo continuar a subir.

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