O admirável novo mundo do trabalho híbrido

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Nos últimos meses, assistimos a um avanço tecnológico que seria expectável, em circunstâncias normais, em anos. Esta repentina mudança teve efeitos consideráveis em todas as áreas das nossas vidas, incluindo na forma como trabalhamos agora e no futuro.

Em março do ano passado, subitamente, milhões de pessoas em todo o mundo foram obrigadas a levar o trabalho para casa, num movimento muito para além do que estavam preparadas para fazer. Na verdade, quando em 2019 perguntámos às empresas se tinham políticas de flexibilidade, apenas 15% responderam positivamente. Passado um ano, a percentagem foi de 86% (estudo BCG/KRC Research comissionado pela Microsoft).

Mas não foram apenas as empresas e organizações que mudaram. Também os colaboradores conheceram benefícios associados a um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, como mais tempo para hobbies, para estar com as famílias e até na companhia dos seus animais domésticos, com 73% dos colaboradores a preferirem a continuação do trabalho flexível, de acordo com o Work Trend Index 2021 da Microsoft.

Com um olhar sobre o futuro do trabalho, acredito que caminhamos para um modelo híbrido. Já não iremos voltar para o escritório em longos dias de trabalho, de segunda a sexta, mas também não iremos ficar sempre em casa. Viveremos uma nova realidade, algures entre um extremo e outro, onde cada um deverá encontrar o seu melhor ponto de equilíbrio e acordá-lo dentro da equipa e organização em que está inserido. E, para que estes novos modelos de trabalho sejam bem-sucedidos e impulsionem o sucesso das organizações, este é o momento ideal para pensarmos para além da tradicional produtividade dos colaboradores. Temos de continuar a investir em tecnologia e repensar na cultura organizacional, na necessária capacitação digital e na garantia de bem-estar nesta nova realidade.

Para um modelo de trabalho híbrido de sucesso precisamos de muito mais do que apenas uma boa ferramenta de videoconferência. As organizações necessitam de revisitar os processos de trabalho e colaboração, tornando-os também digitais, e assegurar que a mobilidade da sua força de trabalho é feita sempre com segurança, a nível de identidade, dados, dispositivos e aplicações.

Uma cultura organizacional digital bem-sucedida requer que os líderes deem autonomia às suas equipas de forma que se sintam autorizadas a arriscar, a fazer por elas e a errar. O erro tem de fazer parte dos processos criativos e inovadores, fomentando assim uma mentalidade de crescimento, de growth mindset.

A aprendizagem e requalificação das competências digitais dentro das organizações deve ser contínua e abrangente, de forma a acompanhar a rápida evolução que o digital nos traz e não deixar ninguém para trás. Com a digitalização, vem um novo paradigma de aprendizagem: todos teremos de nos transformar em long life learners.

Acredito que a tecnologia e todos estes avanços são essenciais e inevitáveis, mas também vêm com um preço: o impacto da excessiva exposição ao digital pode ser bastante negativo em todos nós. É assim urgente que o equilíbrio e o bem-estar dos colaboradores sejam também uma prioridade. Para isso, são necessárias políticas de colaboração internas que protejam os colaboradores, criando um ambiente de respeito e empatia, e a própria tecnologia pode ajudar: as ferramentas de produtividade já sugerem aos colaboradores que façam pausas entre reuniões, que guardem horas de concentração, que diminuam as reuniões e o tempo de duração das mesmas.

O futuro do trabalho reserva-nos muitos desafios, mas também muitas oportunidades. Cabe às lideranças das organizações garantir que o urgente investimento na resiliência para o digital seja acompanhado de estratégias que o tornem sustentável, inclusivo e responsável.

Diretora-geral da Microsoft Portugal

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