Negociar para chegar a acordo

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Tomou ontem posse como chanceler da Alemanha Olaf Scholz, líder do SPD. É um nome a que rapidamente nos vamos habituar, tal como sucedeu durante 16 anos com Angela Merkel.

Scholz, que para a semana vem a Bruxelas apresentar ao Conselho Europeu e à família política dos Socialistas & Democratas - de que o SPD faz parte - o projeto que tem para a Alemanha e para a Europa, foi ministro do Trabalho e dos Assuntos Sociais, ministro das Finanças e presidente da Câmara de Hamburgo.

Quando anunciou o essencial desse projeto político, sustentado num documento de 177 páginas que estabelece o acordo do SPD com Verdes e Liberais, que demorou mais de dois meses a ser negociado, Scholz assegurou que o combate à pandemia, o clima e a digitalização são apostas decisivas do novo governo alemão.

E, sentado ao lado dos parceiros de coligação, politicamente distantes há poucas semanas, acrescentou objetivos concretos: o salário mínimo, uma novidade na Alemanha que abrangerá dez milhões de trabalhadores; construir 400 mil casas por ano; aumentar para 80% o uso de energias renováveis nos próximos 9 anos.

Do acordo de coligação, mais compromissos: fomento do investimento a par de um crescimento sustentável e, de forma mais significativa, a promessa de uma nova prestação social para retirar as crianças da pobreza (proposta que me é muito cara), uma realidade que na Alemanha, vista por todos nós, essencialmente, como um país rico, afeta mais de 340 mil crianças.

Estamos, sem qualquer tipo de dúvida, perante um governo que se apresenta com um programa de forte pendor social, com propostas muito sólidas, fortes e ao mesmo tempo equilibradas.

E se, a dada altura do processo negocial, alguns especularam sobre a possibilidade de um dos parceiros do SPD poder, por exemplo, exigir uma rápida reposição das regras ortodoxas do Pacto de Estabilidade e Crescimento, tal não se veio a verificar.

O novo chanceler assegurou um acordo estável, sem sucumbir a radicalismos.

Os parceiros, Liberais e Verdes, colaboraram no esforço de entendimento, não "despejando" propostas em cima de propostas, cada uma mais radical e inaceitável que a anterior, à espera de forçar o SPD a não aceitar a coligação.

Por isso, para a semana, quando vier a Bruxelas apresentar este acordo e as políticas do novo governo alemão, Olaf Scholz dir-nos-á que a negociação demorou mais de dois meses, mas culminou num sucesso porque nenhum dos partidos "esticou a corda" em demasia, fazendo propostas que sabiam serem inaceitáveis para os restantes parceiros.

Porquê? Certamente porque todos queriam chegar a um acordo e porque todos sabiam que esse acordo é melhor para a Alemanha.

Vacinação

Na vacinação, Portugal continua a ser um exemplo extraordinário. Até ontem, 66,43% das pessoas elegíveis - mais de 1 milhão e 600 mil - estavam vacinadas com a dose de reforço, ultrapassando todos os objetivos estabelecidos. São boas notícias para os portugueses.

Eurodeputado

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