Música solidária com a Turquia e Síria
No passado dia 6 de fevereiro, pelas 4 horas e 17 minutos de uma madrugada de segunda-feira aparentemente igual às outras, a terra tremeu violentamente no sul e centro da Turquia e no norte e oeste da Síria. De repente, depois de um violento sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter, era fácil perceber as consequências absolutamente trágicas daqueles intermináveis 75 a 90 segundos: destruição e danos generalizados e dezenas de milhares de vítimas - mortos, feridos, desalojados - naqueles dois países. Depois, mais tarde, pelas 13 horas e 24 minutos do mesmo dia, a terra tremeu outra vez, desta feita devido a um sismo de magnitude 7,7. A partir desse momento, e depois das milhares de réplicas que se sentiram nos dias seguintes, confirmou-se o que se temia, os terramotos que atingiram a Turquia e a Síria naquele dia fatídico foram considerados "o pior desastre natural do século na Europa".
Agora, passados quase dois meses de uma tragédia que deixará marcas para sempre em todos aqueles que (sobre)viveram aquele momento, os números da tragédia não podem deixar ninguém indiferente e revelam-se esmagadores: estima-se um total de mais de 52 mil mortes, pelo menos 129 mil feridos e mais de meio milhão de desalojados.
Só na Turquia, segundo dados da UNICEF, mais de 1,9 milhões pessoas - entre elas 850 mil crianças e jovens - encontram-se atualmente alojadas em abrigos temporários com acesso limitado a serviços básicos. Cerca de 2,5 milhões de crianças no país precisam de assistência humanitária urgente. Já na Síria, acredita-se que mais de 500 mil pessoas tenham sido obrigadas a abandonar as suas casas devido aos terramotos. De recordar ainda que, devido a uma longa e dolorosa guerra civil, que completou recentemente 12 anos, a Síria já registava cerca de 6,8 milhões de pessoas deslocadas, entre elas 3 milhões são crianças. Agora, serão mais de 3,7 milhões as crianças sírias afetadas pelos sismos.
Tendo em conta todo este cenário de urgência humanitária, o OPART - EPE / Teatro Nacional de São Carlos no âmbito da sua política de responsabilidade social, entendeu que a receita do concerto programado para o próximo dia 31 de março, sexta-feira, às 21 horas, no palco do Teatro Nacional São Carlos (TNSC), interpretado pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos e pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, e com direção musical do maestro José Eduardo Gomes, será doada na sua totalidade para apoiar os trabalhos da UNICEF na resposta à grave situação humanitária que se vive nas regiões mais afetadas na Turquia e na Síria.
Num momento terrível como este, e quando o tempo urge para levar auxílio a milhares de turcos e sírios em sofrimento, inclusive milhares de crianças, nada nem ninguém pode ficar parado. Inclusive o Teatro Nacional de São Carlos. Desde tempos imemoriais que a Arte, e neste caso em particular a Música, sempre assumiu o seu papel como forma de expressão para alertar para perigos, denunciar injustiças, apelar ao espírito humano ou sensibilizar para a importância da solidariedade e da empatia. E é isso mesmo que vai acontecer no dia 31 de março no palco do icónico teatro lisboeta, com um concerto 100% solidário composto pela cantata "Invocação aos Lusíadas" (1915) de José Vianna da Motta, pela estreia absoluta de "Harmony of the Spheres", do jovem compositor Bruno Vicente - vencedor da 2º edição do ABC...Compositores -Prémio "Incentivo à Composição", do OPART/TNSC - e, ainda, pela "Sinfonia n.º 4 em Fá menor" (1878) de Piotr I. Tchaikovski.
O momento de ajudar a Turquia e a Síria é agora: no TNSC, dia 31 de março. Estará a dar uma preciosa ajuda à UNICEF e às suas equipas nas operações de ajuda humanitária atualmente em curso na Turquia e na Síria. E estará realmente a fazer a diferença. Obrigado.
Conceição Amaral, presidente do conselho de administração do OPART - Organismo de Produção Artística-executiva
Beatriz Imperatori, diretora-executiva da UNICEF Portugal