Marcelo deu à oposição uma mão cheia de nada!

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Marcelo está com deficit de atenção… não, não é incapacidade de se concentrar, porque isso não tenho como saber! O nosso Presidente precisa sentir que lhe dão atenção, que o ouvem, quer sentir-se decisivo no dia-a-dia político do país.

A verdade é que, Luís Montenegro conta muito pouco com Marcelo, preferindo um dos seus históricos arqui-rivais, Cavaco Silva, o que lhe deve gerar uma profunda raiva.

António Costa andou com Marcelo ao colo, ou debaixo do mesmo chapéu de chuva, durante o seu primeiro mandato; e este foi fundamental para baixar a temperatura política do país, trazer alguma serenidade, numa altura em que a polarização pós-troika era gritante.

O problema é que Marcelo é Marcelo: está sempre muitas jogadas à frente do jogo que no tabuleiro de xadrez que está a ser jogado e por vezes distrai-se. E a sua vaidade nunca lhe permite dar um passo atrás.

O Presidente da República é o Supremo Magistrado da Nação, o seu papel é inegável, por isso é que é eleito por sufrágio universal directo. O único.

Trata-se de um cargo político vital, decisivo, na nossa democracia; não precisava de se pôr em bicos dos pés. As suas decisões são sempre políticas. E se não tem vetado mais o que lhe enviam é porque não quer! Até mesmo nos casos que vão contra a sua profunda fé católica, Marcelo arranja sempre o subterfúgio de dizer que vetou porque iam contra a tradição ou as crenças dos portugueses - tentando nunca se «atravessar» -; e utilizando antes todos os recursos, empurrando com a barriga enviando para o Tribunal Constitucional.

Marcelo, infelizmente, tem sempre a tendência de querer ser o centro dos holofotes, o mesmo já se passava quando ameaçava com a bomba atómica (dissolução!) às segundas, quartas e sextas!

Com a popularidade pelas ruas da amargura e debaixo de um escrutínio acérrimo do Chega e da «Comissão das Gémeas», Marcelo está mais só do que nunca e busca por atenção. Até vai de fato e gravata ao Rock in Rio. A sua busca por empatia é gritante!

Mas a dura verdade é que, o Presidente não vem trazer «legitimidade» aos decretos que a oposição passou na Assembleia da República sem a anuência do Governo. A legitimidade vem da própria Assembleia, porque o povo vota para a Assembleia e não num Governo; este emerge desta e com uma legitimidade que é conferida por esta.

Marcelo ao juntar sete decretos num pacote, e dando relevância mediática ao mesmo, acrescentando que iria ser uma «decisão obviamente política» (como se as outras nunca o fossem!), apenas disse que quer fazer parte da negociação do orçamento; só que Luís Montenegro e Pedro Nuno não parecem ligar-lhe.

A montanha pariu um rato! Marcelo deu a ideia que ia vetar, criou um fenómeno político apenas porque precisa, mais do que nunca, de atenção… Ou se calhar, porque era o dia em que a sua Casa Civil ia estar sobre o escrutínio de uma Comissão Parlamentar e dos directos dos canais de notícias.

Marcelo abafou notícias incomodas com a criação de um facto político. A verdade é que os três principais partidos que podem negociar de forma decisiva este orçamente não contam com ele.

E, ironicamente, daqui a um ano, será sempre ser o Governo a ganhar os louros do dinheiro que ficou no bolso dos portugueses e das auto-estradas que ficaram por pagar.

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