A Bloomberg noticiou há uns dias que, de acordo com uma pesquisa do corretor de propriedades Savills PLC junto de executivos que desenvolvem a sua atividade como nómadas digitais, Lisboa encabeça (seguido de Miami e do Dubai) a lista de cidades preferidas, estando o Algarve em quarto lugar, num total de quinze..De acordo com o responsável da Savills pela pesquisa, as razões para a preferência de tantos nómadas digitais por Lisboa e Algarve radicam na localização na UE (na zona Shenghen), na qualidade de vida, boas ligações de internet banda larga, bom clima e facilidade de ligações aéreas..Alguns vieram também certamente por outras razões habituais: Portugal é um país seguro, os portugueses são afáveis e simpáticos, falam bem inglês e outras línguas, e a gastronomia é uma agradável surpresa. Alguns destes nómadas digitais beneficiam do regime fiscal aplicável aos Residentes Não Habituais (RNH) ou aos pensionistas reformados. Outros nem sabem que o RNH existe..Muitos destes nómadas digitais têm investido em imóveis para turismo residencial, o que já se traduz em vantagens várias para Portugal, como André Jordan tem reiteradamente explicado; apesar de a Savills não prever em 2022 uma apreciação dos valores de imóveis em Lisboa..Mas uma boa parte destes nómadas digitais são investidores, business developers ou executivos de empresas. Alguns estão a lançar start ups, a promover oportunidades de negócio ou a fazer parcerias com empresas e pessoas com um know how e expertise que ficaram surpreendidos por encontrar em Portugal. Em certos casos, estão ligados à montagem de alguns dos mais relevantes projetos empresariais que Portugal vai ter nos próximos anos..Mais nómadas digitais poderiam ainda vir ao abrigo do regime de vistos dourados, se se alterar as restrições impostas recentemente..Os nómadas digitais que conheço vieram até Portugal com base em informações de amigos ou pessoas conhecidas. É importante reforçar a infraestrutura que permite a estes nómadas digitais operar facilmente a partir de Portugal. E ter as agências estatais a promover Portugal como local ideal para montar e gerir empresas cujos negócios estão focados em áreas da economia digital. Para este efeito, para além da execução pelo governo do seu Plano de Ação para a Transição Digital, deve criar-se um ambiente de negócios apelativo para que esses empresários e executivos considerem Portugal como sua base principal. Permitindo destarte que possa florescer uma miríade de empresas em áreas da economia digital, nomeadamente em domínios como fintech, IoT, cloud computing, IA e data analytics, blockchain, NFTs, criptomoedas, e-games, realidade virtual, realidade aumentada, plataformas digitais. Para que este florescimento tenha lugar, apenas é necessário que nestes domínios o governo não atrapalhe e deixe as empresas criar riqueza antes de começar a querer "redistribuí-la". Portugal tem uma janela de oportunidade fantástica para fazer florescer um novo setor que pode dar um contributo assinalável para o crescimento da economia nacional. Mas convém ter presente que, se há setor onde os empresários podem mudar facilmente a sua base operacional para outra jurisdição, é neste.