MALI: Partidos Políticos suspensos ‘until further notice’!

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O Sahel está em brasa e meteorologia à parte, o contexto base do ponto de partida para esta escalada está todo explanado em “As Tendências primavera-verão no Magrebe 2025!”, de 28 de abril. Em maio, há novidades:

Primeiro, a Junta Militar propôs reunião em jeito “Estados Gerais”, boicotada pela oposição, queixando-se de falta de representatividade;

Segundo, os “Estados Gerais” prosseguiram e concluíram um cenário óptimo com o Coronel Assimi Goita Presidente Interino, até 2030;

Terceiro, a primeira manifestação anti-Junta aconteceu desde 2020, momento para o rapto dos opositores Alassane Abba e El Bachir Thiam, durante a carga policial, que no Mali é sempre militar;

Quarto, decorre deste “choque e pavor” da Junta a decisão de suspender as actividades/liberdades partidárias, calando a oposição uma segunda vez, desde 2020;

Quinto, com medida semelhante tomada pela Junta Militar entre abril e junho de 2024, esta reprise, um ano depois, provocou nos políticos, activistas, intelectuais, todos os que se começam a “desinscrever” desta utopia militar, a convicção que desta será de vez que a oposição será silenciada;

Sexto, no capítulo das consequências desta primeira quinzena de maio, as manifestações públicas de desagrado não decorrerão, por efeito do “decreto-suspensório” e pelo medo provocado pelo reforço da matraca nas ruas. Mas pior será o efeito ruminante do “recalcamento recalcado” desde a mais recente “independência de agosto 2020”. As “dissidências de coração” começam a sentir-se burilar no caldo da instabilidade económica e social, tanto nos civis, como nas fileiras, o que já este verão colocará desafios com que este “governo provisório” certamente não contaria, ao eternizar-se no poder, decreto após decreto;

Sétimo, é “convicção raulesca”, que o norte do Mali será ainda este ano, palco do início da próxima guerra de procuração no Sahel/África, onde tudo estará em jogo. A eterna disputa sahraoui, também enquadrada na vontade de reforma/reinvenção do bloco CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), potencialmente ligada ao Magrebe-mais-Ocidental e com uma moeda única. Tudo, tendo como pano de fundo a prioridade dos gasodutos marroquino e argelino, chegarem à fonte, a Nigéria!

Os dados estão a ser lançados e os mapas indicam uma distância semelhante entre Kidal e Faro e Faro e Amsterdão. Olho vivo, que ainda vamos lá nas férias!

Politólogo/arabistawww.maghreb-machrek.pt. Escreve de acordo com a antiga ortografia

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