Maestro e Presidente de Câmara – Uma analogia
Por ser músico há mais de 30 anos da Banda da Sociedade Antiga Filarmónica Montemorense "Carlista", a mais antiga associação cultural do concelho de Montemor-o-Novo, tracei uma analogia entre o trabalho de um Maestro, à frente da sua Orquestra, e o papel de um Presidente de Câmara, e conforme podemos perceber existem muitas similaridades.
Qual a razão que alguém que ama Música decide ser Maestro? Talvez a resposta possa ser simples, pois pese embora a complexidade da tarefa, ser Maestro é compreender a essência da música interpretada, é conseguir escutar todos os sons musicais antes de ouvi-los efetivamente, é amar o desafio de levar os músicos a fazerem a melhor Música que sejam capazes, com trabalho, persistência, paixão, compreendendo os seus problemas e preocupar-se sempre em resolvê-los.
Todo este pensamento leva-me a acreditar que a arte de regência de um Maestro entrelaça-se em muito com a essência da liderança e, neste caso em especial, com a Presidência de uma Câmara Municipal.
O Maestro numa das mãos transmite procedimentos e normas musicais, enquanto que em simultâneo a outra mão exprime paixão e amor.
Uma Câmara Municipal é como uma Orquestra que precisa tocar afinada sob a liderança da Presidência. Tal como o Maestro que planeia, orienta, conduz, controla o tempo, dá confiança, ajuda, está sempre presente e não tolera improvisos, a liderança de uma Câmara Municipal a isso obriga e muito mais.
É imprescindível que o líder seja um dos membros mais competentes da Câmara Municipal e que, naturalmente, sendo impossível multiplicar-se terá de delegar tarefas, mas tal como o Maestro deverá ter a consciência do grupo que lidera. O sucesso só se concretiza quando todos trabalham em sintonia, tal como numa Orquestra. Um Presidente de Câmara Municipal tem de ter trabalhadores com competência, com conhecimentos e culturas diferentes e deverá ser capaz de somar todas essas mais valias para conseguir resultados de excelência. E para atingir essa excelência de resultados terá, obrigatoriamente, de conhecer e compreender as necessidades dos seus munícipes. Tem de ser eficiente, analisar os desafios, planear, identificar e formular estratégias e tomar decisões. E quando situações imprevistas surgem, o rápido diagnóstico é imperativo, pois são estas as alturas em que um Presidente de Câmara tem de ter a noção que existem problemas urgentes a precisar de rápidas e competentes decisões. Assim acontece com o Maestro, que para além da análise, planeamento, estratégias adotadas, reage com eficiência ao imprevisto que surge numa performance.
Um Maestro nunca está satisfeito, mas traça objetivos, aplica novas formas equilibrando a emoção com a razão, junta vozes distintas para que se escutem com harmonia, é sempre exigente, mas é próximo do ponto de vista humano com as pessoas, pois sabe bem que as suas mãos não têm Música nenhuma, as suas mãos põem as pessoas a fazer Música e a serem felizes!
O instrumento real de um Maestro são os seus músicos, e é em prol da felicidade dos mesmos que ele trabalha, transpira e está sempre presente. Uma presidência camarária deverá estar comprometida da mesma forma com os seus trabalhadores, para que promova a felicidade no desempenho das suas funções, sendo esta a sua mais nobre preocupação, deixando para trás dogmas partidários.
Ser Maestro é uma escolha consciente.
O Maestro é um apaixonado pelo que faz, assim se exige de um Presidente de Câmara.
Presidente da câmara de Montemor-o-Novo