O idadismo é um termo utilizado por vários estudiosos de temáticas sociais desde a década de 70, contudo muitas pessoas poderão ainda desconhecer o seu significado, apesar de já terem sido vítimas de idadismo ou de possuírem uma grande probabilidade de o vir a ser..O idadismo é a discriminação das pessoas com base na sua idade..O idadismo é mais comum contra as pessoas mais idosas e ocorre frequentemente na sociedade portuguesa, principalmente no âmbito profissional e nas relações pessoais..No mercado de trabalho podemos ter idadismo relativamente aos mais jovens por serem acusados de inexperiência para as responsabilidades de um certo cargo, contudo, temos sobretudo idadismo para os trabalhadores de maior idade: quer da parte das entidades empregadoras, quer dos seus pares, em especial quando se aproximam da idade de reforma. Muitas vezes as entidades empregadoras não contratam as pessoas com mais idade, uma vez que lhes atribuem características como desinteresse em aprender e evoluir os seus conhecimentos, incapacidade em inovar, incapacidade para executar várias tarefas, para além de assumirem que possuem incapacidade de se adaptar às tecnologias. Mas será que é mesmo assim? Será que é a idade que define se a pessoa possui ou não estas características?.Para além destes estereótipos atribuídos à pessoa existe ainda outra situação de grande relevância no idadismo no trabalho - a ausência de adaptação dos locais de trabalho às condições físicas e psíquicas dos trabalhadores, que permita maximizar todo o seu conhecimento e competência adquiridos ao longo dos anos e levar a um aumento de produtividade. O idadismo leva a que se assuma que o trabalhador é que é velho demais para o posto de trabalho..Em termos de sociedade e das relações interpessoais, existe a visão que os idosos são pessoas frágeis, com elevada dependência e com necessidade de cuidados. Acham mesmo que é a idade que define o nível de necessidades ou de dependência das pessoas? Não estamos antes perante um conjunto de fatores que o causa? Esta situação leva muitas vezes os mais idosos a serem infantilizados e desconsiderados ou a serem vítimas de violência física, psíquica ou financeira..Poderíamos dar exemplos de idadismo em várias outras áreas, mas mais importante é identificar as ações concretas que levem a uma diminuição do idadismo e dos seus impactos negativos..Mais do que apenas intenções genéricas de “implementar medidas de combate ao idadismo”, o Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável, aprovado e implementado em Portugal, identificou e está a executar atividades concretas..Algumas dessas atividades estão já a ser implementadas, nomeadamente: as atividades formativas aos cuidadores de pessoas idosas pelo Centro de Competências de Envelhecimento Ativo (impacto em mais de 4 mil cuidadores já em 2024), nos quais está incluída a humanização e o respeito pela pessoa cuidada; os cursos de comunicação com pessoas idosas para as forças de segurança ou bombeiros; os cursos de formação de prevenção da violência contra as pessoas idosas; os cursos de formação e capacitação ao longo da vida, incluindo a capacitação tecnológica; as atividades de prevenção de saúde e inclusão social com impacto no aumento da independência e das capacidades das pessoas ao longo da vida; atividades intergeracionais sociais ou culturais..Estão ainda previstas outras atividades já comprometidas através de financiamento europeu, nomeadamente: saúde e segurança do trabalho adaptada ao envelhecimento dos trabalhadores; adaptação dos locais de trabalho às necessidades dos trabalhadores; atividades intergeracionais com jovens e pessoas mais idosas; campanhas públicas com foco no idadismo..Atuar contra o idadismo, com atividades como estas do Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável, fará certamente com que vivamos numa sociedade mais inclusiva, tornando real que em Portugal viver mais tempo seja sinónimo de viver melhor!