1. A Índia foi muito deficitária de alimentos na colonização britânica – que deixou morrer à fome e de epidemias entre 14 e 29 milhões de cidadãos, de 1850 a 1950. Só em 1943, com Churchill PM, deu ordens para não distribuir alimentos aos que estavam morrer à fome, pois poderiam fazer falta aos ingleses. Isso, depois de ter mandado cereais de West Bengal para os países “aliados”, como a Grécia. Com a sua teimosia, quando os alimentos davam para matar a fome até à chegada da nova colheita, Churchill deixou morrer à fome entre 1 a 4 milhões de cidadãos indianos. .A Revolução verde foi introduzida primeiro em Punjab em finais de 1966, como parte do programa de desenvolvimento das agências doadoras internacionais e o Governo da Índia. Durante o British Raj a economia de cereais tinha por base única a exploração. .Após a Independência a Índia teve de gastar milhões, em divisas, para importar cereais para alimentar os seus cidadãos. O máximo deu-se no Ano 1969, quando Indira Gandhi teve de importar 9 milhões de toneladas (MT) de cereais. .Os resultados da revolução verde foram brilhantes a ponto de tornar a Índia auto-suficiente a partir dos anos 70 e, depois, superavitária. Em 2023, a Índia foi solicitada a exportar 23 MT de cereais, após ter alimentado a sua população e mantido uma reserva para emergências..2. Conheci e acompanho deslumbrado os trabalhos de impacte da Global Vikas Trust, através do seu promotor Mayank Gandhi (M.G.). Com uma progressão rápida, “porque a Índia não pode esperar” vai ajudando a multiplicar os rendimentos dos pequenos Agricultores, com áreas de terra marginais, de poucos acres. Desde os primeiros passos em 2016 até hoje mais de 23 000 Agricultores beneficiaram do impulso das suas sugestões, e do exemplo dos que as seguem, com bons resultados. O aumento médio dos rendimentos anuais situa-se em 4 a 10 vezes os rendimentos por acre, antes da transformação sugerida por M.G...Qual a sua fórmula mágica? Não se trata de fazer mais do mesmo, um pouco melhor, com as espécies vegetais mais produtivas, com alguma irrigação e ou com melhores fertilizantes. Isso foi bom em toda a “Revolução Verde”, nos anos 1960/70 e depois, quando seguindo o saber e as experiências do Dr. Norman Borlaug, a produção de muitos cereais, como Trigo, Arroz, Milho, etc., deu um grande salto a ponto de ultrapassar os sustos da fome ou insegurança alimentar. .A Global Vikas Trust apareceu em 2016 com ideias de alto valor para ajudar a dar um enorme salto na produtividade e no rendimento dos agricultores. Para estes a vida era demasiado difícil, levando a variados suicídios por não poderem arcar com as suas responsabilidades para com os bancos..Mayank Gandhi trabalhara em planeamento, no Estrangeiro, e deu-se conta de como poderia ajudar os agricultores a terem melhores rendimentos. Toda a atividade agrícola baseia-se na disponibilidade de água e solos que garantam boa produtividade. Curiosamente MG começou a trabalhar numa pequena povoação, onde a falta de água era aguda. .Conseguiu mobilizar a população das aldeias próximas para, com o apoio de maquinaria, alargarem e aprofundarem o rio local, fazendo mais de 120 furos na extensão dos 70 kms do rio, para reintroduzir a água das chuvas que se perderia pelas encostas ou se infiltraria, perdendo-se..Numa atividade intensa trabalhou-se com intensidade, sob a orientação do Global Vikas Trust, com os seguintes resultados:.“De 15 de Abril a 31 de Maio de 2018, reunimos quinze aldeias com o propósito resoluto de combater a seca em quarenta e cinco dias. A partir das 5h30 da manhã, todos os dias, munidos de ferramentas adequadas e de forma bem planeada, começamos a cavar rios, lagoas e trincheiras até à 1h30 da manhã seguinte. Uma pausa fazia-se na tarde sufocante. Máquinas foram alugadas e homens e mulheres trabalhavam como se fossem autómatas. O resultado final foram 70 km de aprofundamento e alargamento do rio Paapanashi e seus afluentes, 162 tanques agrícolas, 62 barragens de controle, 5 açudes, centenas de trincheiras. 22 200 milhões de litros de água foram armazenados em apenas 45 dias. A mudança estava a dar-se..Toda a água inexistente nos meses sem chuva, os mais quentes, de Marco até Junho, agora havia em abundância. Com os 120 FRG- Furos de Recarga Global, ao longo do rio, com filtros naturais de pedras e gravilha, a água reintroduzida não levava lodo e elevava o nível do lençol freático subterrâneo de mais de 400 pés de profundidade para menos de 50 pés. .4. Só água, também não é tudo. Estudados os solos na sua composição, pode-se ter uma clara ideia de que plantas/arvores podem ser as mais indicadas. E sabendo dos produtos de mais valor nos mercados, é fácil substituir a cultura tradicional, o que sempre se fez,com baixo rendimento..“Era habitual os agricultores dedicarem-se ao cultivo de algodão e soja, com um rendimento anual de cerca de 25 000 rupias por acre. A nossa equipa visitou uma aldeia após outra com o objectivo de persuadir os agricultores, com informações factuais, números e dados estatísticos, a considerarem uma mudança nas suas opções de cultivo para árvores frutíferas, o que aumentaria os seus rendimentos”..Apesar da confiança e afecto nas comunidades da aldeia, os agricultores permaneceram relutantes em se afastar dos seus padrões tradicionais.”.“Em 2019, conseguimos convencer apenas 1 700 agricultores a mudarem as suas culturas para a horticultura e a plantar 1,18 milhões de árvores de fruto. Gradualmente, ao verem agricultores a fazerem a transição, obtendo elevados rendimentos, acelerou-se o ritmo da transformação. Há hoje mais de 50 milhões de árvores de fruto, plantadas de novo”. Pense-se na profunda influência que tais árvores têm no clima local, atraíndo mais chuva e dando mais frescura..Árvores de curto prazo como a banana e a papaia, árvores frutíferas de médio prazo como o ananás, goiaba, romã, limão, lima doce, mosambi e árvores de vida longa como a manga, anona, aumentaram a renda anual dos agricultores de 25-50 000 rupias por acre para uma média de Rs. 250 000 – uma multiplicação de 4 a 10 vezes. O nosso “teste do conceito” de grande sucesso começou lentamente a ganhar força entre os agricultores e expandiu-se para mais de 3500 aldeias em 29 distritos em Maharashtra Gujarat e MadhyaPradesh. .5. Instituto Global Krishikul para Treino e Desenvolvimento Social.Como chegar a todos os que querem fazer a transição? Está quase terminado o Instituto Krishikul com o objectivo de ser o centro de disseminação de conhecimento para melhorar o saber e as capacidades dos agricultores. Integra instalações de demonstração; tecnologia agrícola e instalações de treinamento e extensão; Instalações e laboratório de R&D..Tem como funções: Introdução e implementação da mais recente tecnologia agrícola; Demonstração de boas práticas agrícolas (BPA); fornecimento de orientação/apoio contínuo e serviços de extensão agrícola; R&D agrícola e testes de rotina..Foi concebido para se tornar um centro de incubação para resolver os quatro maiores problemas do mundo. 1. Acabar com a fome. 2. Reduzir a crise climática, 3. Substituir fertilizantes químicos por produtos naturais de compostagem e utilizar pesticidas biológicos e naturais; 4. Sobretudo na Índia: Maior proteção a vaca que, para além do leite, é fonte de fertilizantes naturais..O Centro de treino está aberto para quantos de perto e longe queiram aprender e praticar estas ideias que representam claramente uma inovação disruptiva de alto valor. Não mais do mesmo, ou um pouco melhor, mas sim, bem diferente, produzindo muito mais valor. É a melhor forma de estes conceitos se espalharem depressa por toda a Índia, junto dos mais de 10 milhões de “pequenos agricultores".