Vivemos num país repleto de sol, fado e uma comidinha que faz qualquer um sentir-se em casa. No entanto, atrás da beleza das nossas paisagens e do calor da nossa gente, esconde-se um desafio demográfico.Vamos ser sinceros: a nossa população está a envelhecer mais depressa do que a nossa capacidade de reprodução! Não fazemos muitos filhos, a verdade é essa. Com uma média de apenas 1,3 filhos por mulher, segundo dados do INE, temos mais idosos tristemente à espera das suas consultas do que crianças a correr nos parques. E a pergunta que se impõe é: quem vai assegurar que este nosso cantinho solarengo continue a brilhar? A resposta, está na imigração! Os imigrantes são como o pão quentinho que sabe tão bem numa manhã de domingo.Sabiam que em 2022 a população imigrante representava cerca de 8% do total de habitantes em Portugal? Sim, essas pessoas não vêm apenas com as suas malas e sonhos; tipo a nossa Linda de Suza que emigrou clandestinamente para França em 1970, com um filho nos braços…, elas trazem consigo juventude e energia vital que fazem falta ao nosso envelhecido cenário social. Ao decidirem viver em Portugal, estas alminhas empreendedoras, os imigrantes, ajudam a revitalizar a nossa pirâmide etária que, se continuar a encolher, acabará por nos colocar à beira do precipício!E se pensarmos na economia? Nessa área, os imigrantes representam o nosso ingrediente secreto, pois ocupam postos de trabalho essenciais, especialmente em setores onde há escassez de mão de obra. A agricultura, a construção e os serviços agradecem e a economia nacional também!! Os imigrantes não só trabalham como também empreendem, criando negócios e trazendo para o nosso mercado nacional diversidade de oferta.Além do aspecto económico, a diversidade cultural trazida pelos imigrantes torna-nos mais interessantes. De acordo com o Relatório Anual de Migração e Asilo de 2023, mais de 45.000 novos vistos foram emitidos para imigrantes, cada um trazendo consigo uma nova perspetiva e uma nova história que enriquece as nossas tradições. A verdade é que estamos a viver um momento na história do mundo em que somos todos parte de uma grande família.É claro que a imigração precisa de ser bem gerida. Para que todos nós nos possamos sentir em casa – portugueses e imigrantes. É, por isso, fundamental que os direitos de todos sejam respeitados. O facto de garantirmos que os imigrantes tenham acesso a saúde, educação e boas condições de trabalho faz de nós, portugueses, um povo consciente e acolhedor. E quem não adora viver num ambiente onde todos podem prosperar juntos?Agora, vamos a um ponto sensível: a insegurança. Muitos associam a imigração a um aumento da criminalidade, mas os dados demonstram o contrário. De acordo com o Relatório Anual de Migração e Asilo de 2023, elaborado pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), os imigrantes, na verdade, cometem menos crimes do que a população nativa.Há sempre aqueles que gostam de espalhar desinformação, mas vamos deixá-los de lado e focar nos factos. A maioria dos imigrantes é composta por pessoas que vêm em busca de uma vida melhor, tal como a nossa Linda de Suza quando decidiu pegar no seu filho e na sua mala de cartão e rumar a França, e estão dispostas a contribuir positivamente para a sociedade. É perder dois minutinhos e olhar com olhos de ver. Nunca encontraram imigrantes a trabalhar nos nossos serviços de saúde, nas nossas escolas, nos nossos hospitais?!Por fim, acredito que a resistência à imigração é algo que precisamos enfrentar com coração aberto e mente clara. Infelizmente, há quem acredite nos mitos e no medo do desconhecido, mas, assim como um bom vinho precisa de tempo para abrir, a compreensão também leva tempo. A verdade é que os imigrantes não estão a "roubar" empregos; eles estão a preencher lacunas, ocupando postos que muitos nativos não querem ou não podem desempenhar.Vamos abrir os braços e os corações, promovendo uma sociedade mais inclusiva e calorosa. Com um pouco de carinho e uma abordagem adequada, a imigração pode ser uma força positiva, transformadora e enriquecedora para todos nós. Não representa o fim do nosso modo de vida, mas a sua continuação. Abracemos os imigrantes como parte da nossa grande família e façamos do nosso país um exemplo de carinho e aceitação. Porque, no final das contas, somos todos viajantes neste mundo, e cada pessoa com que nos cruzamos ensina-nos algo precioso.Sejam bem-vindos, imigrantes! A mesa está posta, o vinho já está a abrir e, se houver espaço, ainda há sobremesa. Vamos juntos brindar à diversidade, ao acolhimento e à promessa de um futuro melhor, onde cada um de nós, independentemente da sua origem, possa brilhar e partilhar o seu brilho! * Assessora de comunicação