Imigração qualificada, DOGE, MAGArruanos e Trump

Publicado a
Atualizado a

A recente nomeação por Trump de Sriram Krishnan - como conselheiro político sénior da Casa Branca para a IA - provocou uma tempestade de reações de ativistas MAGA, que consideram inaceitável a nomeação de um defensor de mais vistos (H-1B) para trabalhadores estrangeiros altamente qualificados. Estes vistos são bastante utilizados por empresas tecnológicas, que deles dependem em boa medida; a Amazon foi o maior patrocinador de vistos H-1B em 2024, com 9265, e a Google, a Meta, a Apple e a IBM também recorrem a estes vistos para contratarem programadores de software e outros trabalhadores qualificados.

A ativista MAGA de extrema-direita, Laura Loomer, disse, num post no X de 22 de dezembro, que era “alarmante ver o número de esquerdistas de carreira que agora estão a ser nomeados para servir no governo de Trump quando compartilham opiniões que estão em oposição direta à agenda America First de Trump”.

Em defesa de S. Krishnan, saíram Elon Musk e Vivek Ramaswamy, nomeados para dirigir o Department of Government Efficiency (DOGE) na nova Administração Trump. Musk relembrou, num post no X de 25 de dezembro, que há “uma terrível escassez de engenheiros extremamente talentosos e motivados nos Estados Unidos”, acrescentando: “Resume-se a isto: querem que a América ganhe ou querem que a América PERCA? Se se forçar os melhores talentos do mundo a jogar pelo outro lado, a América PERDERÁ.”

Outros ativistas MAGA juntaram-se às críticas, relembrando a postura radical anti-imigração de Trump, com alguns laivos de xenofobia, uma vez que S. Krishnan, E. Musk e V. Ramaswamy são todos imigrantes. Steve Bannon também aproveitou para entrar na refrega, criticando a “vigarice dos vistos H-1B” (acusando as empresas de preterirem trabalhadores norte-americanos para pagar menos), atacando E. Musk pelo seu “desdém elitista pelo talento americano” e pelas suas ligações à China.

A disputa trouxe ainda à baila dúvidas sobre a legalidade do início da carreira de empreendedor de E. Musk nos EUA. De acordo com uma reportagem do Washington Post, Musk terá trabalhado ilegalmente por um breve período nos EUA após sair da universidade de Stanford.

Trump não demorou a tomar partido na contenda, tendo sustentado a manutenção dos vistos H-1B, contrariamente à postura assumida no seu primeiro mandato presidencial. É um sinal de bom senso, que foi recebido com agrado pelas tecnológicas americanas e que cria a esperança de que haja alguma ponderação e razoabilidade na execução do seu compromisso de combate à imigração ilegal nos EUA, incluindo “deportações massivas”.

Contudo, não se pode excluir que seja a manutenção do princípio tão bem formulado por Maquiavel (e pelo general Alcazar, em Tintim e os Pícaros): “Para os amigos os favores, para os inimigos [o rigor d]a lei”.

www.linkedin.com/in/jorgecostaoliveira

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt