Hoje também é dia

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Hoje também é dia, novembro também será mês e 2025 também será ano para se promover a saúde mental. No dia 10 de Outubro, o tema da campanha da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi a saúde mental em contexto de trabalho. Um meio onde adultos em idade ativa passam cerca de um terço do seu dia e geralmente mais de 40 anos da sua vida.

Infelizmente, o que Portugal é conhecido pela palavra saudade, falta-lhe a palavra prevenção. Não faz parte da nossa cultura antecipar, trabalhar a montante da crise, conseguindo prevenir ou minimizar danos. Vivemos, partilhamos e refletimos sobre os temas nos dias mundiais, europeus, nacionais de..., falamos incessantemente do tema, dizemos como a situação é dramática e urgente, como é importante agir sobre ela e guardamo-la para o ano seguinte. Assim é, em muitos contextos, a saúde mental, nomeadamente no trabalho.

Há temas que também se tornam visíveis na crise, no medo, nos dias mais negros ou nos dias marcados no calendário. Os incêndios são um exemplo ilustrativo: a preocupação e o medo evaporam-se com a chegada do outono, até ao aproximar do verão seguinte, quando começam os primeiros alertas.

A saúde mental também se encaixa nesta categoria: há um momento de crise, um colega que dá sinais ou quando há uma baixa na equipa. De imediato surge a dúvida do que fazer e o medo de falar do tema para não haver efeito de rastilho na organização, que se vai desvanecendo com o tempo até à próxima situação. No entanto, não existe o receio de que mais pessoas se tornem obesas ou que tenham o colesterol elevado por se fazerem rastreios, campanhas de sensibilização para a alimentação saudável ou para o exercício físico. Os benefícios da sensibilização e capacitação para mudanças comportamentais deviam eliminar qualquer medo de potenciar a situação. No silêncio o problema não desaparece, tende a agudizar.

Segundo a OMS, 60% da população mundial trabalha e cerca de 15% dessas pessoas terão um problema de saúde mental em algum momento da sua vida. Se ainda não for percetível na organização o impacto da saúde mental das pessoas na produtividade e, consequentemente no negócio, para que haja a vontade de fazer algo diferente, é uma questão de se olhar para as estatísticas. E não é necessário chegar ao problema de saúde mental para ter impacto na produtividade, a capacidade de trabalho e a eficácia já desceu muito antes de uma eventual baixa que pode nunca acontecer.

Frequentemente saem estudos sobre a saúde mental nas crianças, nos jovens, nos pais, nas organizações: soam alguns alarmes que rapidamente param de tocar. Ainda não há espaço para essa aprendizagem.

Hoje também é dia da saúde mental! Quando cultivarmos a palavra prevenção e diariamente priorizarmos a saúde, em concreto saúde mental, ganhamos todos: pessoas, organizações e sociedade.

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