Guiné-Equatorial - Calma, a avestruz somos nós!
De 2014 a 2027, “são dez horas de distância” e na passada semana, na XV Cimeira da CPLP, sexta-feira, em Bissau, o alarme tocou! Porquê? Porque a Guiné-Bissau assumiu, como previsto na Carta, a presidência rotativa da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, de sexta passada, até outra sexta qualquer, em 2027. É aqui que “a Guiné torce o rabo”, a Equatorial, que por ordem alfabética, tem previsto assumir a presidência da comunidade no Verão, de 2027.
A entrada da Guiné-Equatorial na CPLP, em 2014, perde-se num labirinto de explicações e innuendos, entre rivalidades lusófonas, bancos e segredos de polichinelo. Não foi bonito, mas também já ninguém se lembra. Sexta 18, descobrimos a “caixa de Bissau”, que não abriu, antes explodiu na cara dos presentes e ausentes (foi a primeira vez que um Presidente português não esteve presente). Os Presidentes (PR’s) do Brasil, Angola e Moçambique também ausentes, fizeram a fotografia da última Cimeira CPLP! Porquê?
Primeiro, “as guinés” sempre foram problemáticas para a “metrópole”, sobretudo por serem territórios exíguos com grande diversidade étnica, regras, hábitos consuetudinários muito próprios, cuja chegada do colonizador veio desregular, para depois organizar “uma casa portuguesa, com certeza”;
Segundo e por isso mesmo, a Guiné-Bissau tem vivido durante a actual presidência de Umaro Sissoko Embaló (USE), uma acumulação dos poderes presidenciais, que já não garante a separação de poderes. USE foi recebido há duas semanas na Casa Branca, mas os PR’s de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique não foram a Bissau;
Terceiro, a Guiné-Equatorial, ficou no limbo da incerteza, ao não ver garantida assumir a presidência rotativa dentro de dois anos! Porquê?
Porque desde 2014 se negligenciou a realidade da antiga Guiné-Espanhola, que não fala português, todos se queixaram, e depois voltámos a ser portugueses e a lidar com estes guineenses como lidamos com o lixo na rua ou na praia, “eles logo passam e limpam”! Os “tugas”, nós, que insistimos em marcar reuniões entre as dez e as dez e meia, achámos que à noite viria uma maré cheia de Saramago que converteria estes “espanhóis em portugueses”! Conclusão, nunca tivemos plano para a Guiné-Equatorial, da mesma forma que nunca tivemos um plano para Timor Lorosae, no que toca ao ensino da língua portuguesa!
Chegados aqui, a solução é simples. Portugal deverá apresentar à Guiné-Equatorial um banco ou uma instituição publica importante, em falência. O Obiang paga e em 2027 estão todos/as a dizer “oh tu que fumas”, em Malabo, a capital.
Sejamos sérios, o que nos resta, perante o poucachinho habitual!
Politólogo/arabista www.maghreb-machrek.pt
Escreve de acordo com a antiga ortografia