Férias à vista!
Com a chegada dos meses de verão tipicamente começam as esperadas férias maiores, de duas ou mais semanas, com a expectativa de descansar e recuperar para o resto do ano. As equipas ficam reduzidas, o ritmo abranda, embora aumente a sobrecarga dos elementos que ficam à espera que a sua semana chegue.
Contudo, é fundamental que esta recuperação exista antes de chegar o momento das férias, sob o risco de se chegar tão extenuado que se torna impossível de recuperar. O pós-trabalho e os fins-de-semana ou folgas também têm de ser momentos de recuperação, principalmente ativa, com um corte claro com o trabalho. Isto implica procurar outras atividades, hobbies, outros focos e desligar as notificações do trabalho, diminuir as saídas após o horário ou o trabalho a horas tardias. Não serão vinte e dois dias que nos irão recuperar dos outros trezentos e quarenta e três em que estamos no limite dos nossos recursos. No entanto, têm um papel muito importante para acelerar a recuperação, quando bem utilizados.
Em 2024, a palavra eleita pela Oxford foi “brain rot”, que significa deterioração cerebral. Esta expressão é definida como o possível agravamento do estado mental ou intelectual de uma pessoa, causado pelo consumo excessivo de conteúdo, em especial online, pouco desafiador ou estimulante. A preocupação com o impacto do consumo de conteúdo de baixa qualidade, geralmente através das redes sociais, tem vindo a aumentar pelas suas consequências. A dificuldade de concentração, de manter o foco, de resolver problemas mais complexos ou com vários pontos de vista são algumas das mais visíveis.
Com os meses de verão e com as merecidas férias, também se abre espaço para a sobrecarga deste consumo desenfreado de conteúdos prejudiciais à nossa saúde. A recuperação e o descanso estão relacionados com a gestão do tempo e com a escolha da forma como se utiliza esse tempo. Se a escolha for apenas absorver conteúdos de forma passiva, não só a recuperação é baixa, chegando ao final das férias com uma sensação de cansaço semelhante à do início, como estamos a contribuir para esta possível deterioração. Por vezes, é importante e necessário ter estes momentos, mas é fundamental intercalar com outras opções. Escolher o contacto com a natureza, conhecer novos locais, ler livros, fazer caminhadas, entre muitas outras hipóteses, será muito mais desafiante e, essencialmente, recuperador.
Exigentes níveis de produtividade precisam de períodos de descanso e recuperação de qualidade, não só nas férias como no resto do ano. Cuidar e promover esses momentos é essencial, tanto dos outros como de nós próprios. Quando começarmos a dar mais importância ao descanso ativo ganhamos todos: pessoas, organizações e sociedade.