França e China unem-se pelo clima e pelo multilaterismo
No âmbito do 10.º aniversário do Acordo de Paris, a França e a China uniram-se num comunicado que reforça a importância e o compromisso destas potências nos temas climáticos.
Ambos concordam em aplicar o Acordo de Paris de forma abrangente e em reforçar a cooperação em matéria de eficiência energética e descarbonização nos setores da energia, da indústria, dos transportes e dos edifícios, incluindo a realização de esforços contínuos para abandonar os combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e equitativa.
Os dois países reconhecem o recuo de alguns países em relação ao consenso científico e a sua retirada das instituições multilaterais, mas reforçam que tal só reforçará as suas ações, reafirmando o seu compromisso de tomar e acelerar medidas coletivas, com base nos melhores dados científicos disponíveis e tendo em conta as diferentes circunstâncias nacionais.
Ambos reconhecem também que as atividades relacionadas com as alterações climáticas podem proporcionar oportunidades para a economia mundial nos domínios do investimento, do financiamento, da competitividade, da inovação, do emprego e do crescimento económico, bem como beneficiar as pessoas, melhorando os padrões de vida e as condições de saúde, facilitando um trabalho digno, sistemas alimentares sustentáveis e energia a preços acessíveis.
As duas partes reafirmam o compromisso assumido na COP26 de travar e inverter a desflorestação e a degradação dos solos até 2030, comprometendo-se a promover soluções baseadas na natureza.
Num momento em que os EUA se vão gradualmente isolando na sua narrativa anticlima, começa a esboçar-se uma nova ordem de aliados, com a França e a China a juntarem-se num discurso conjunto em que ambos reconhecem a urgência de dar resposta à crise climática e o seu impacto no ecossistema, na sociedade civil e na economia mundial.
A França e a China, reiteram o seu firme compromisso de reforçar a cooperação internacional no domínio das alterações climáticas e de defender o multilateralismo, bem como o firme apoio ao Acordo de Paris e ao seu objetivo de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e de prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Numa altura em que na Europa também se utilizam alguns argumentos anticlima para abrandar a caminhada no reporte e nas exigências “verdes” às empresas, a China publicou também em dezembro de 2024 os seus standards de reporte de sustentabilidade corporativa.
Assim, enquanto que os EUA se isolam em discursos radicais, baseados em crenças e não em ciência, e levam a sua própria economia à recessão, há toda uma outra dinâmica que vai surgindo. Vamos aguardar para ver a dimensão dos aliados que reconhecem a urgência do combate às alterações climáticas, e vamos ver se os comportamentos infantis e irracionais de uma Administração americana são de facto bloqueados pela maioria dos restantes povos.
PhD, CEO da Systemic