Fazer bem o que já foi bem feito

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Aproxima-se o dia 9 de maio. Para nós, na União Europeia, é dia de celebrar o compromisso dos povos europeus, no rescaldo de duas guerras que devastaram o nosso continente, de baixar as armas e trocá-las pela cooperação e solidariedade. É o dia da Europa.

Na Rússia, o 9 de maio é feriado nacional desde os tempos da União Soviética e assinala a vitória na Segunda Guerra Mundial. Devia ser uma data de respeito pela paz; tudo indica que será precisamente o oposto.

Vladimir Putin parece querer apropriar-se do significado deste dia. Em vez da paz, será um veículo da projeção pública do seu nacionalismo autoritário, um instrumento para fabricar apoio à invasão bárbara da Ucrânia, um pretexto para continuar a bombardear cidades e massacrar civis.

É com vidas que o povo ucraniano está a pagar a defesa da liberdade. À sua coragem devemos corresponder com toda a solidariedade.

Os milhões que fogem da guerra e vêm para os nossos países não podem ser deixados à sua sorte. São pessoas que procuram abrigos de emergência, crianças que precisam de ir à escola, idosos que precisam de cuidados de saúde, homens e mulheres que querem trabalhar.

Aos estados-membros que mais pessoas recebem pela proximidade geográfica à Ucrânia, a União Europeia tem de se apresentar rapidamente como solução. Se a integração dos refugiados é uma responsabilidade humanitária dos 27 países, os encargos daí decorrentes não podem ficar só para alguns.

Em simultâneo, porque o apoio à Ucrânia, para ser sério, implica levar as sanções a sério, exige-se a eliminação de todas as importações energéticas da Rússia tão rapidamente quanto possível. A resposta estrutural passa pela diversificação de parceiros comerciais, por investir na interligação das redes de energia nacionais e, sobretudo, nas energias renováveis.

Mas, no imediato, o custo da energia já subiu dramaticamente, arrastando os preços de bens essenciais e provocando níveis de inflação como não se via há largas décadas. A perda de poder de compra é uma ameaça séria, em particular nos agregados familiares mais vulneráveis.

Tudo isto concorre para um quadro macroeconómico negativo, com vários países europeus a registarem contração económica no primeiro trimestre de 2022. Portugal foi, até agora, uma das poucas exceções (fomos o país que mais cresceu em toda a UE no mesmo período), mas os riscos de contágio existem e não podem ser desvalorizados.

Não fazer nada é convidar um cenário dramático para a Europa. Uma nova crise económica marcada por aumento de pobreza, falências e desemprego. Porventura, também um correspondente crescimento do antieuropeísmo e do populismo nacionalista. Foi assim no rescaldo da crise do euro, resultado da receita falhada da austeridade que nos trouxe um cenário semelhante.

A situação é muito clara: toda a Europa enfrenta uma economia de guerra. Só com a mesma coragem, e determinação com que enfrentámos a pandemia poderemos encarar esta nova ameaça, apoiar as pessoas e salvar a Europa desta crise. É tempo de inaugurar uma nova geração de políticas ambiciosas, solidárias e eficazes. É tempo de uma bazuca contra a guerra.

Citando o primeiro-ministro António Costa "é voltar a fazer o que está certo e evitar fazer o que, no passado, demonstrou estar errado".


Eurodeputado

Os jovens tenistas sagraram-se campeões de pares no Estoril Open e têm assim "entrada direta" na história do desporto nacional. Mais impressionante foi o facto de terem alcançado este feito na sua estreia enquanto dupla num torneio do circuito ATP.

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