'Fake news'? Em português chamam-se mentiras
A morte do antigo presidente do FC Porto, Pinto da Costa, deu oportunidade aos charlatões das redes sociais para mostrem o perigo que são para a sociedade.
Com uma montagem tendo por fundo a primeira página do Comércio do Porto, jornal diário fundado na Invicta e que deixou de ser publicado em julho de 2005, onde surgia uma foto do homem que liderou os portistas durante 42 anos com uma suposta frase onde “provocava” os habitantes de Lisboa, o autor tentou instigar a muito falada divisão Norte/Sul, da qual Pinto da Costa foi o rosto durante décadas.
Além do mau gosto pelo momento, o que fica é o facto de essa imagem ter sido partilhada pelas redes sociais e de muita gente ter decidido comentar a frase como se, de facto, ela tivesse existido.
Este exemplo serve para nos lembrar de que diariamente surgem nos vários sites de partilha de informações inúmeros dados deturpados ou mesmo falsos. Depende sempre do objetivo do autor. E este raramente passa por ajudar a discutir um tema com objetividade e, imagine-se, verdade.
Quem segue atentamente as redes sociais conhece debates inflamados iniciados com pressupostos errados e manipulação de informações ao sabor dos interesses de quem os divulga. Não é por acaso que quando se discute imigração surgem inúmeros posts no Facebook, X, etc., sobre os perigos que esta encerra e a necessidade de tomar medidas para evitar/controlar a entrada de estrangeiros no país, independentemente de os dados oficiais contrariarem o que se escreve.
Além das questões da segurança/criminalidade - sempre um must nestes fóruns -, praticamente tudo serve para criar polémicas. Por exemplo, o leitor ainda se lembra da quantidade de notícias falsas sobre a covid-19? Foram milhares e até incluía uma em que a China tinha construído um hospital em 16 horas. Eleições e guerras, como temos assistido nos últimos anos, também são um terreno fértil para propagar mentiras.
Infelizmente, as campanhas contra a desinformação não têm tanto sucesso como as “frases choque” que se escrevem pelas redes sociais e há muita gente que segue a teoria muito popular de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.” A mesma que inspirava um tal de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler...
Editor executivo do Diário de Notícias