Em época de tomates, não há maus cozinheiros!

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Apesar de ser um facto desconhecido para a esmagadora maioria dos portugueses, os dados revelam que Portugal é o terceiro maior produtor de tomate da União Europeia, ficando apenas atrás de Espanha e de Itália - o maior produtor na União. 

Contudo, a dimensão da produção nacional não impressiona apenas quando comparada com os nossos congéneres no velho continente. Segundo os dados disponibilizados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no ano de 2022 Portugal foi o décimo-sexto maior produtor do Mundo desta fruta, tendo a sua produção ultrapassado a fasquia das 1.4 milhões de toneladas - valor que ainda assim fica aquém da produção recorde de 1.9 milhões de toneladas atingida em 2015. 

Não obstante a cultura do tomate estar presente em muitos países em redor do globo - alguns dos quais contam com uma área que ultrapassa a de Portugal dezenas de vezes, como por exemplo o Cazaquistão -, só um grupo restrito de países consegue atingir uma produção significativa, quer em termos de volume, quer de qualidade. O tomate é um fruto que necessita que um conjunto de condições esteja reunido por forma a potenciar a sua produção. Em termos climatéricos, a temperatura diurna ideal para este tipo de cultura não deverá ser inferior aos 15ºC, sendo recomendável o intervalo entre os 20ºC e os 26ºC. Já no que diz respeito à irrigação, o solo deverá encontrar-se sempre húmido, porém sem água em excesso.
Tendo isto em consideração, não será certamente de estranhar que a esmagadora maioria da produção de tomate em Portugal esteja concentrada na região do Ribatejo: dona dos solos mais ricos e férteis do território nacional, esta região, bafejada pelos caudais do rio Tejo e respetivos afluentes, bem como pela abundância de aluvião, reúne as condições ideais para o cultivo do tomate. 

Estamos às portas de agosto e com ele virá mais uma campanha do tomate. Apesar de se terem registado condições climatéricas adversas ao longo do ano, a instalação do tomate para indústria ficou concluída em Junho. As previsões mais recentes indicam que não se perspectivam quaisquer impactos negativos e que 2024 será mais um ano de grande colheita. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), as plantações apresentam bom desenvolvimento vegetativo, sem incidências de relevância relativamente a pragas e doenças. 

Os desenvolvimentos e progressos tecnológicos a que temos assistido nas últimas décadas permitiram que a apanha do tomate transitasse de uma tarefa predominantemente manual - envolvendo um esforço físico substancial para os seus intervenientes - para um processo maioritariamente mecanizado. 

Contudo, ao longo dos últimos anos temos assistido a relatos de diversos agricultores e grupos representativos do sector que têm alertado para a escassez de mão de obra - escassez esta que não se circunscreve à apanha do tomate em particular, mas a uma larga maioria dos trabalhos tipicamente associados ao sector primário.

Apesar dos desafios estruturais que assolam o sector agrícola no nosso país, dos variados fenómenos atmosféricos a que já assistimos este ano e da variabilidade e incerteza no que respeita à mão-de-obra, as perspetivas para a apanha desta que é uma das mais importantes culturas a nível horto-industrial do nosso país, são francamente favoráveis. Atendendo aos impactos sociais e económicos associados a esta produção, esperemos que assim seja. 

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