Em 2024, ainda queremos ser livres?

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Ter ou estar em liberdade significa, sem medo, poder decidir como agir, desde que não interfira com os limites de outra pessoa ou que vá contra a Lei, mas também, ter os direitos garantidos - por exemplo, liberdade de circulação ou de expressão (Dicionário Língua Portuguesa - Priberam). Ser livre é, portanto, um direito mas também um desafio. Implica um equilíbrio entre a permissão - poder decidir, expressar ideias e opiniões e o egoísmo de pôr os interesses e preferências individuais à frente dos outros.

Embora muitas palavras já tenham sido ditas sobre o tema, continuamos a ter dificuldades no respeito por estes limites que saber ser livre impõe. É um direito que traz responsabilidade na forma como comunicamos e agimos. Ainda é um desafio o cumprimento generalizado das regras de cidadania, independentemente do interlocutor. Pelo contrário, parece que liberdade implica poder fazer tudo, sem medir as consequências de pisar o risco. Isto é notório em múltiplos contextos (e.g. escolar, organizacional, político). Também na defesa das causas e ideias, onde o diálogo e a criatividade não devem interferir na liberdade do outro. Quanto maior o nível de exposição, poder
hierárquico e de influência sobre outros, maior a responsabilidade no respeito destes limites pela mensagem que é passada à comunidade.

Vivemos numa sociedade que procura soluções e respostas momentâneas, mas também numa era de influência. Somos influenciados por tudo o que nos rodeia e todos nos querem influenciar. Desde as campanhas de marketing, às notícias que nos chegam mais facilmente, ao famoso algoritmo das redes sociais, e à forma de pensar e de estar das pessoas com quem mais convivemos. A liberdade implica esforço na abstração a todos estes estímulos e o questionamento sobre os mesmos. Impele-nos a olhar para o passado e a refletir que valores queremos mesmo viver no presente e potenciar no futuro. Com ela, temos a oportunidade de fazer parte da evolução ou da estagnação e do retrocesso.

Pensar, ler, escutar, debater, ouvir, conversar e conhecer são verbos que continuam hoje a permitir e a promover a nossa liberdade. O acesso facilitado à informação é valioso, no entanto, pode ser contraproducente se aceitarmos passivamente todos os dados que nos chegam. A cultura tem um papel fundamental, como meio facilitador do questionamento e inquietação, de colocar as nossas certezas em perspetiva.

Assim, a liberdade implica um processo ativo e proativo. Temos de querer efetivamente ser livres e manter-nos em liberdade. A verdade é que é uma conquista diária, que só é válida quando todos estamos alinhados no conceito de liberdade. Quando tivermos esta premissa bem definida ganhamos todos, pessoas, organizações e sociedade. 

*Psicóloga Organizacional

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