Portugal atravessa um momento de mudança no modo como encara a formação cívica das novas gerações. A nova Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), colocada em consulta pública pelo Governo, vem corrigir parte das distorções que transformaram a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento numa ferramenta de doutrinação, desvirtuando a sua missão original: formar jovens livres, conscientes e preparados para as responsabilidades do futuro. A proposta agora apresentada não elimina a disciplina, mas reorienta-a, afastando-a da ideologia que marcou os últimos anos. Não é por acaso que esta revisão surge em resposta às críticas que o CHEGA sempre defendeu, com clareza e firmeza, em defesa das famílias portuguesas e do papel da escola pública enquanto espaço de transmissão de conhecimento, e não de agendas políticas. Vemos com natural satisfação a retirada dos conteúdos sobre sexualidade e saúde sexual e reprodutiva que, até agora, eram obrigatórios em dois ciclos do ensino básico. Esta mudança não apaga a importância destas matérias, mas devolve às famílias o direito de decidir como e quando devem ser abordados temas de caráter pessoal, sem obrigações externas ou ideológicas disfarçadas de pedagogia. A única referência à “orientação sexual” surge enquadrada, e bem, no âmbito dos Direitos Humanos, abordando casos de tráfico de seres humanos, abusos sexuais e violência de género. Uma forma saudável e factual de tratar estes assuntos, sem cedências ao radicalismo ou infantilizações. Mas esta nova estratégia merece também ser valorizada por aquilo que acrescenta e não apenas pelo que retira. A introdução dos temas da literacia financeira e do empreendedorismo representa um avanço significativo e vai ao encontro das propostas que o CHEGA já tinha apresentado. Preparar os jovens para o mundo real é uma exigência inadiável. Numa sociedade onde cada vez mais se exige capacidade de gestão, responsabilidade financeira e espírito de iniciativa. Não faz sentido manter as novas gerações alheadas destas matérias essenciais. A escola deve ensinar a importância da poupança, do trabalho, da gestão consciente dos recursos e da capacidade de transformar ideias em projetos com impacto. Mais do que uma aposta curricular, trata-se de uma aposta no futuro. Esta é uma resposta clara ao imobilismo de décadas, que preferiu manter o povo dependente do Estado em vez de capacitar cada cidadão para construir o seu próprio caminho. Os temas centrais agora reforçados, direitos humanos, democracia, instituições políticas, desenvolvimento sustentável, literacia financeira e empreendedorismo são pilares de uma cidadania responsável e crítica, livre de manipulações ideológicas. Contribuem para formar cidadãos informados, conhecedores dos seus direitos e deveres, e capazes de participar de forma ativa na construção da sociedade. Contudo, nem tudo está resolvido. Continuamos a lamentar a ausência de uma verdadeira valorização da identidade nacional, da nossa história e cultura, e da importância da coesão nacional como fator essencial à construção de uma sociedade forte e unida. Uma educação de excelência deve respeitar e cultivar as raízes do país, ensinando os jovens a conhecer Portugal, a respeitar a sua cultura e a sentir orgulho em ser português. É fundamental que esta estratégia vá mais longe e integre conteúdos que valorizem o esforço, a disciplina, a preservação dos valores históricos e culturais e a defesa da nossa identidade. A cidadania não se constrói apenas com orçamentos e tabelas financeiras; constrói-se com memória, pertença e responsabilidade. A democracia faz-se com respeito, liberdade e deveres. O empreendedorismo deve gerar valor, mas esse valor deve servir o bem comum. E o desenvolvimento sustentável não é uma moda, mas uma necessidade. Por isso, apesar das melhorias que saudamos, continuaremos atentos e firmes. Aliás, nós fomos os primeiros a alertar as preocupações nesta matéria e quem mais contribuiu para a mudança de rumo agora iniciada. Fomos os primeiros a propor literacia financeira. Fomos os primeiros a exigir respeito pelas famílias e pelas crianças. E continuaremos a fazê-lo, com coerência e convicção, porque sabemos que a educação é uma das maiores batalhas para proteger Portugal e o seu futuro. A educação é uma arma poderosa. Pode construir ou destruir, unir ou dividir. É por isso que a defendemos como espaço neutro, de liberdade, de responsabilidade e de amor à Pátria. Não aceitamos escolas que formem jovens desconectados da sua terra, da sua história, da sua cultura. Não aceitamos escolas que imponham ideologias disfarçadas de conhecimento. Portugal precisa de jovens preparados para trabalhar, para criar, para inovar, para cuidar, para construir. Jovens que saibam que a liberdade não se compra e que o futuro exige esforço. Jovens que amem o seu país e queiram ficar para o fazer crescer. Economista e deputado à Assembleia da República