É essencial envelhecer bem hidratado

Durante os meses mais quentes é essencial estarmos atentos à hidratação dos nossos familiares com mais idade. Quanto mais envelhecemos, mais ficamos suscetíveis a desidratar e isso é um risco para a saúde. Saiba o que deve fazer.
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A desidratação das pessoas com mais idade é uma situação clínica muito frequente, sobretudo durante os meses mais quentes, sempre que não se bebe água suficiente para o funcionamento normal do organismo. A água é essencial para várias funções vitais, como por exemplo, a regulação da temperatura corporal, o transporte de nutrientes para os diversos órgãos e a eliminação de resíduos tóxicos resultantes do metabolismo. Sempre que o corpo perde mais fluidos do que são ingeridos, existe risco de desidratação.

Os idosos são mais suscetíveis à desidratação por vários motivos. À medida que envelhecemos, a percentagem total de água existente no corpo diminui e a função dos rins decresce gradualmente ao longo dos anos. A maior prevalência de doenças crónicas nesta faixa etária e a crescente necessidade de medicamentos podem agravar o risco de desidratação. Por exemplo, alguns medicamentos utilizados para tratar a hipertensão arterial e a insuficiência cardíaca podem aumentar a perda de urina, como os diuréticos.

Algumas alterações neurológicas podem diminuir a sensação da sede ou afetar a capacidade de aceder à água, pelas limitações motoras ou pela dificuldade em engolir por engasgamentos frequentes. Todos estes fatores devem ser considerados individualmente por forma a serem minimizados. É importante aconselhar-se com o seu médico sobre as necessidades diárias de água na sua condição clínica.

A desidratação pode manifestar-se de diferentes formas, dependendo da gravidade e do contexto clínico. As manifestações iniciais mais frequentes são o cansaço, a sede excessiva, a boca e as mucosas secas, os olhos encovados, a obstipação e a diminuição da quantidade de urina, entre outros sinais de alerta.

Algumas doenças agudas, como a gastroenterite, podem agravar a desidratação pelo aumento da perda de água através dos vómitos ou da diarreia. Em casos mais graves, pode ocorrer descompensação das doenças crónicas que anteriormente estariam bem

controladas. Casos extremos de desidratação podem manifestar-se com o aumento dos batimentos cardíacos, diminuição da pressão arterial, prostração, lentidão dos movimentos, confusão mental e desmaio. Estes casos devem ser avaliados urgentemente por um médico. Não hesite em procurar um serviço de urgência médica, para que a desidratação seja rapidamente diagnosticada e iniciado o tratamento. Nestes casos mais graves, o tratamento passa por repor a água e eletrólitos perdidos.

Manter-se hidratado é particularmente importante à medida que a pessoa envelhece. As recomendações gerais são evitar a exposição solar nos dias mais quentes, permanecendo num local fresco e aumentando a ingestão de água de forma adaptada ao gosto e às condições do próprio. Para pessoas com dificuldade em beber água, deve ser incentivada a ingestão de pequenas quantidades ao longo do dia.

Gelatina, chás, infusões e águas aromatizadas também são uma opção, assim como os sumos de fruta natural, sem adição de açúcar. A alimentação deve incluir caldos e sopas nas refeições principais. Deve-se aumentar a ingestão de frutas e hortícolas, nomeadamente alguns alimentos em particular, que têm maior teor de água, como o melão, melancia, morangos, aipo e tomate.

A água é o elemento mais importante que compõe o nosso organismo. A forma mais adequada de prevenir a desidratação começa por aconselhar-se com o médico assistente, que pode individualizar os cuidados para a sua situação ou dos seus familiares.

Especialista em Medicina Interna no Atendimento Permanente do Hospital CUF Tejo

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