E depois das eleições.... Mudar, mudar, mudar Fazer, fazer, fazer

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A responsabilidade do cidadão enquanto eleitor, e sublinho enquanto eleitor, termina depois de amanhã, dia 18, quando coloca o seu voto na urna. Mas a sua vida política não se esgota aí. Bem pelo contrário. Dia 19 começa uma nova fase de cidadania, quase ou mais importante que a anterior. Temos de admitir que, por si só, os governos não conseguem mudar os países. São peças importantes a delinear caminhos, a apontar soluções, a sugerir medidas, a alterar o que for possível alterar, a fazer leis, a construir e pressionar a sua aplicabilidade. Tudo isso é função de um governo, do Parlamento, do Presidente da República, mas não chega...É, depois das eleições, na atitude de cada um de nós, no exercício da nossa cidadania diária, na assunção das pequenas e grandes responsabilidades do nosso quotidiano que o país pode mudar. Admitam caros leitores. O cidadão, cada um de nós, é o grande agente da mudança. Não os governos. É na nossa atitude diária, nos pequenos gestos de responsabilidade individual que reside o segredo do sucesso ou insucesso dos países. É nessa atitude individual, responsável, civilizada, educada, no pequeno gesto diário, na escrupulosa exigência connosco próprios no cumprimento da lei, no respeito pelas regras da convivência social, no abandono dos nossos egoísmos mesquinhos e imediatos, no constatar que ao nosso lado há alguém que pode necessitar mais de ajuda do que nós. É nesta abordagem civilizacional, quem sabe, novidade para tantos portugueses, que reside a sucesso de um país. O êxito está sobretudo em nós, e não apenas no governo em que votámos. Assumamos pois, todos, a nossa parte da responsabilidade a partir da próxima segunda-feira.

Depois de sermos exigentes connosco próprios teremos, então, o selo de garantia para sermos implacáveis com o governo, tenha ele a cor política que tiver após as eleições.

Há muito para mudar e muito para fazer. Querem alguns exemplos?

De uma vez por todas o governo que privatize os transportes públicos. Em todas as suas dimensões. Terrestres, aéreos, marítimos. Pensem nos direitos dos utilizadores que, de uma vez por todas, pelos impostos que pagam, merecem transportes modernos, confortáveis, e pontuais. Já chega de incapacidade do Estado na gestão irresponsável e perdulária na área da mobilidade que nos custa rios de dinheiro.

Na saúde e educação o próximo Governo que se deixe de “rodriguinhos” e faça o que tem de ser feito. Crie na saúde uma carreira médica estável, bem paga, que dê incentivos aos médicos para permanecerem no SNS, Que lhes dê condições para se atualizarem, cientificamente, para que possamos ter uma medicina moderna e atual. Mas sem complexos com a componente privada da saúde.

E, na Educação, formem professores em quantidade e qualidade. Antecipem o futuro. Há 30 mil professores que vão reformar-se nos próximos anos. Comecem já a prepará-los para que o país não seja apanhado “de calças na mão” quando chegar o momento da reforma dos atuais professores.

O próximo governo tem, também, o desafio da habitação. Basta de conversa barata. Incentivem as cooperativas de habitação. Construam habitação pública a preços controlados para a pequena e média burguesia. Acabem de vez com o sufoco burocrático de quem quer auto construir a sua própria habitação. Sim, transformem terrenos rústicos em urbanos, mais baratos, para construção a preços controlados. Baixem os impostos, mesmo que isso beneficie os “ patos bravos” da construção. Mas, por favor, coloquem casas baratas no mercado.

E, de uma vez por todas, na Justiça, acabem com a “mama” dos eternos recursos que impedem os criminosos de pagarem a tempo e horas o preço dos seus crimes. Mexam na Justiça com coragem. E não finjam! Façam com determinação as alterações que têm de ser feitas. Taxem com maior vigor os bancos que apresentam lucros astronómicos. Sejam severos no objetivo de uma maior Justiça social.

Já chega de tanto tempo perdido. E porra, em nome do futuro, dos nossos filhos e netos, de uma vez por todos construam este país. É para isso que votámos e é, justamente, isso que o próximo governo tem de fazer, seja ele qual for. Mudar, mudar, mudar.

Jornalista

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