Duarte não sabe se vai para Washington
Passou quase um mês desde as eleições e John Duarte ainda não sabe se vai para Washington. Ao contrário de James Stewart em Mr. Smith Goes to Washington, filme realizado por Frank Capra em 1939, seria um regresso, pois o congressista tenta renovar o mandato obtido em 2022. Mas a dúvida aproxima-se da ficção, visto que se trata da última incógnita do 5 de novembro em que Donald Trump recuperou a Casa Branca, enquanto o Partido Republicano ganhou maioria no Senado e confirmou aquela de que dispunha na Câmara dos Representantes.
Descendente de portugueses, como o apelido deixa adivinhar, o republicano John Duarte espera continuar a ser um dos 435 membros da Câmara dos Representantes. Mas não está a ser fácil, pois o democrata Adam Gray, a quem derrotou por 564 votos, há dois anos, ganhou vantagem numa lenta contagem e validação de boletins. No 13.º círculo da Califórnia, situado no Vale de São Joaquim, único em que a Associated Press não anunciou vencedor, tem agora mais 227 votos do que o empresário agrícola, pelo que é possível que o maior estado norte-americano “só” eleja três congressistas lusodescendentes: David Valadao, Jim Costa e o menos evidente Eric Swalwell.
Verdadeiro vilão da história de John Duarte, que ainda tem esperança de reverter a desvantagem com votos validados nos condados que lhe são favoráveis, é o sistema eleitoral dos Estados Unidos. Quando resultados eleitorais se arrastam durante semanas, não por acidente, mas por se estipular - como na Califórnia - que o escrutínio pode ser feito em 30 dias, ou quando diversos estados não exigem identificação a quem se desloca às assembleias de voto, temos um rastilho permanentemente à espera de que alguém lhe encoste um fósforo.
O que se passa no 13.º círculo da Califórnia só não é grave pelas circunstâncias. Com ou sem Duarte, os republicanos terão maioria na Câmara de Representantes (221-214 ou 220-215). Mas como seria se dessa lenta validação de votos dependesse a vitória de Trump ou Kamala?