Doença X, a ameaça invisível
Parece o nome de um filme de ficção científica, mas não é. Desde que a pandemia de covid-19 parou o mundo, a comunidade internacional tem estado em alerta constante, ciente de que uma nova ameaça à saúde pública pode surgir a qualquer momento. Nos últimos cinco anos, uma sombra silenciosa tem pairado sobre a comunidade científica: a Doença X.
Este termo, inicialmente utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2018, refere-se a uma doença ainda não conhecida que poderá estar na origem de uma futura pandemia. Assim sendo, esta designação não representa uma doença real, mas sim um nome fictício criado pela OMS para identificar o risco de surgimento de uma nova doença infecciosa altamente transmissível e que poderá afetar milhões de pessoas.
A urgência em compreender (e conter) essa ameaça foi destaque no 54.º Fórum Económico Mundial, realizado em Davos, Suíça, onde um painel liderado pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, discutiu os últimos desenvolvimentos relacionados com a Doença X. Esta semana, a 17 de janeiro, foi discutida a necessidade de agir globalmente para evitar um cenário pandémico ainda mais devastador do que o causado pelo SARS-CoV-2, que integra a família coronavírus.
Em 2023, um grupo de especialistas juntou-se com a missão específica de identificar agentes patogénicos que possam desencadear surtos e pandemias.
Há vários grupos de cientistas em todo o mundo a trabalhar nesse sentido e um dos maiores exemplos é o do Centro de Desenvolvimento e Avaliação de Vacinas de Porton Down, no Reino Unido, que começou já a desenvolver vacinas. Este movimento estratégico reflete um reconhecimento da comunidade internacional sobre a importância de se antecipar a possíveis ameaças à saúde global e de unir esforços para estudar a Doença X e desenvolver estratégias para evitar a sua propagação.
Durante o fórum em Davos, a OMS emitiu um aviso: “A Doença X pode ser até 20 vezes mais mortal do que o SARS-CoV-2”. A pergunta fundamental lançada por Ghebreyesus, “que esforços são necessários para preparar os sistemas de saúde?”, ressoa como um apelo urgente à prevenção. Mas a resposta à pergunta é complexa. A prevenção da eventualidade da Doença X requer um investimento musculado em pesquisa e desenvolvimento de vacinas e de tratamentos. Para que seja eficaz, os governos deverão aumentar os recursos alocados à pesquisa médica e colaborar estreitamente com instituições académicas e a indústria farmacêutica.
É imperativo criar um sistema global de vigilância que detete precocemente potenciais ameaças, permitindo uma resposta rápida e coordenada. Além disso, a capacidade de resposta dos sistemas de saúde deve ser reforçada. A criação de reservas estratégicas de equipamentos médicos, a implementação de planos de contingência e a formação contínua de profissionais de saúde são medidas cruciais! A coordenação internacional desempenha um papel vital, garantindo a partilha de informações e recursos entre países.
Educar é, também aqui, fundamental. Higiene e a vacinação têm de ser promovidas. Compreender a seriedade da Doença X, e a ameaça que ela representa, é o primeiro passo para criar uma cultura de prevenção. Estamos perante uma ameaça real, que exige uma resposta global. A experiência da pandemia de SARS-CoV-2 serve-nos como um post-it de que a complacência a nível de saúde pública tem consequências devastadoras. Apenas investindo em pesquisa e fortalecendo os sistemas de saúde podemos estar mais preparados para enfrentar futuras pandemias. O tempo é essencial, e a ação é a chave para salvar vidas!