Diplomacia climática com os PALOP
Apesar da vitória de Donald Trump para a Presidência americana e dos receios de que os temas ambientais possam perder importância, existem muitos países que vão continuar a aumentar o seu apoio a projetos climáticos.
Na realidade, em países como França, Luxemburgo, Reino Unido e Alemanha, existe uma parte da diplomacia internacional, associada à política de desenvolvimento, que tem como pilar o apoio à adaptação e mitigação climática dos países em desenvolvimento. Neste âmbito o continente africano surge como um significativo potencial para se desenvolverem projetos inovadores climáticos que podem, efetivamente, contribuir para o desenvolvimento económico-social do país.
Existe também uma atuação cada vez maior de multilaterais como o Banco Mundial, FMI e Fundo Verde para o Clima das Nações Unidas, em apoiarem projetos que minimizem os impactos das alterações climáticas junto de vários agentes económicos, como bancos centrais, banca, empresas e Governos.
Os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), pertencem ao grupo de países africanos que menos têm usufruído da utilização do vasto financiamento climático disponível a nível mundial. Existem vários motivos para este facto: todas as propostas e contactos têm de ser realizados em inglês; os templates a preencher para as propostas de projetos são exigentes, sendo necessário um nível significativo de capacidade institucional no país; é condição necessária manter-se um relacionamento constante com as instituições doadoras / investidoras; é fundamental a existência de capacidade local de coordenação; entre outros.
Neste contexto, surge uma imensa oportunidade para Portugal criar uma política de diplomacia climática com os PALOP, criando uma plataforma que os ajude a ultrapassar o problema em aceder a estes financiamentos. Os problemas dos PALOP nesta matéria são iguais, e como tal as soluções são evidentes, existindo capacidade de recursos que podem ser reunidos para este fim.
Se Portugal definisse a diplomacia climática com os PALOP como uma prioridade, iria conseguir juntar investidores multilaterais e privados para promover os verdadeiros green debt swaps (e não apenas aqueles em papel); iria acelerar a possibilidade de existirem mais projetos ambientais aprovados; e iria ajudar os PALOP a posicionarem-se como bons casos de políticas climáticas a nível internacional.
Portugal poderia ser um exemplo de como, no século XXI, se pode reforçar o relacionamento com as ex-colónias, apostando na cooperação pelo futuro, no conhecimento e em projetos concretos que marquem, de facto, a diferença. Portugal poderia ser um caso-piloto de como esta parceria entre o Norte e o Sul se pode implementar, sendo capaz de atrair investidores de várias origens e tipologia.
Seria bom que a política internacional e a diplomacia económica pensassem neste tema de forma séria.