A água é essencial à vida. Esta frase, tantas vezes repetida, não é uma mera afirmação retórica. Com efeito, o equilíbrio da Natureza depende da água e nós, seres humanos, não conseguimos sobreviver sem ela. A água é também essencial para a nossa vida quotidiana, destacando-se, para além do consumo que fazemos diariamente, a proteção da saúde pública e da nossa segurança coletiva..São exemplos disso a evolução notável que o nosso país registou ao longo das últimas décadas na diminuição ou mesmo erradicação de várias doenças, fruto da melhoria da qualidade da água, ou a utilização de água para a nossa higiene, como pudemos constatar durante a pandemia, em que uma das medidas mais importantes era a lavagem das nossas mãos. Outro exemplo da importância da água a que assistimos muito recentemente tem a ver com o combate aos incêndios, que de forma trágica assolaram Portugal nas últimas semanas..Sendo evidente que este recurso é tão valioso e essencial para a nossa sobrevivência, é difícil compreender por que razão a sua utilização e valorização, por parte da sociedade em geral, está ainda tão distante daquilo que deveria ser….No dia 1 de outubro assinala-se o Dia Nacional da Água. É uma excelente oportunidade para dar visibilidade a esta temática, e para refletirmos coletivamente sobre a importância deste recurso. Mas isso não pode acontecer apenas nesta data, tem de ser um trabalho diário, sistemático e continuado ao longo do tempo..É fundamental transmitir aos cidadãos a importância do trabalho que fazemos, e o valor dos serviços que prestamos. A Águas do Ribatejo tem desenvolvido, de há muitos anos a esta parte, diversas iniciativas de sensibilização e informação, junto de escolas, universidades Sénior, instituições, para que seja possível alterar comportamentos e garantir uma utilização mais responsável e sustentável da água. São dezenas de ações todos os anos, envolvendo milhares de pessoas, num trabalho (quase) invisível, mas fundamental para o nosso futuro coletivo..Para além desta questão, existem muitos outros desafios que as Entidades Gestoras, como a Águas do Ribatejo, têm de enfrentar. O contexto em que vivemos atualmente é bastante complexo, marcado pela tensão decorrente de vários conflitos na Europa e no Médio Oriente, que resultam num cenário de grande incerteza e imprevisibilidade..As necessidades de investimento neste setor, quantificadas no plano estratégico para o setor, o PENSAARP 2030, ascendem a vários milhares de milhões de euros. Trata-se de investimentos fundamentais para assegurar a manutenção dos níveis de excelência que conseguimos atingir, dando resposta às exigências, cada vez maiores, decorrentes da legislação aplicável..Para que seja possível enfrentar este desafio, teremos de encarar de frente a questão do financiamento. Assim, assume particular relevância a questão tarifária, uma vez que é fundamental que as Entidades Gestoras disponham dos meios para garantir um serviço de qualidade aos cidadãos e empresas. No caso da Águas do Ribatejo, esta foi sempre uma questão central, procurando encontrar um equilíbrio entre a necessidade de manter a sustentabilidade da empresa e a realidade socioeconómica da região que servimos..Mas para superar este enorme desafio têm de existir outras fontes de financiamento. É certo que existem fundos comunitários no PT2030 para este efeito, mas as disponibilidades financeiras têm vindo a diminuir em cada quadro comunitário face ao anterior. Enquanto país, temos de definir prioridades, e se este setor é prioritário (e não tenho dúvidas sobre isso), deveríamos canalizar recursos nacionais para o mesmo, nomeadamente através do Orçamento de Estado..Como se costuma dizer, não se fazem omeletes sem ovos, e esta “omelete” não pode deixar de se fazer, sob pena de virmos a passar muita fome… Ou, neste caso, muita sede!