Democracia à força
São inúmeras as tentativas, ao longo das últimas décadas, de países Ocidentais mudarem o regime ditatorial em alguns países muçulmanos. Têm falhado significativamente e de forma desastrosa. Há uma razão básica para isso acontecer: estes países não têm um historial de democracia, nem compreendem esse conceito. Querer impor uma democracia parlamentar é impossível. O Ocidente levou alguns séculos para atingir o nível de governo democrático, sob a tutela presidencial ou monárquica. Mais: um governo democrático republicano de regime Ocidental estará, sempre, condenado ao fracasso, porque não é adaptável ao Próximo Oriente. Para entender isto, o conhecimento do desenvolvimento histórico e cultural daquelas zonas é fundamental.
Olhando para o melhor sistema, que tem conferido alguma estabilidade aos países muçulmanos, será, porventura, o monárquico, como na Jordânia, Marrocos, Bahrein, entre outros. Não sendo sistemas perfeitos, é a única alternativa viável à teocracia/ditadura verificada na maioria dos seus congéneres. Muito se tem falado na importância, no passado, do Xá da Pérsia, Moham- mad Reza Pahlavi, e do seu filho, Reza Pahlavi, como o, agora, melhor símbolo de união e esperança de ordem no Irão. Mas veja-se o caso do Afeganistão, por exemplo: Zahir Shah, venerado pelo povo afegão, nos 40 anos que durou o seu reinado, encetou um programa de modernização exemplar. Destacam-se a criação, em 1968, de uma constituição com eleições livres, sistema de ensino moderno, emancipação feminina e sufrágio universal. Os conservadores religiosos não aceitavam estas mudanças e depuseram-no em 1973. Mas um monarca seria a melhor figura para unir as tribos e as diferentes filiações políticas e religiosas que grassam nesses países. Numa região em que a separação entre Estado e Mesquita não é bem definida, só um monarca possui autoridade religiosa suficiente para restaurar a segurança, a estabilidade e construir um futuro democrático e livre para muitos dos países do mundo islâmico.
Professora auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa e investigadora (do CIDEHUS).
Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico