A UE deve continuar a ter uma postura de regionalismo relativamente aberto, para utilizar uma expressão de Raposo de Medeiros, isto é, de compatibilização entre a estratégia dos Blocos Regionais de Comércio e a multilateralização, de acordo com grandes linhas de orientação como, por exemplo, as seguintes: - a manutenção de uma salutar cooperação com a OMC-Organização Mundial do Comércio; - a aplicação de direitos aduaneiros não excessivamente elevados aos países terceiros (procurando-se reduzir os efeitos de desvio de comércio); - a imposição de regras de origem transparentes e não excessivamente proteccionistas; - uma maior integração ao nível dos serviços, projectos de investimento e normas aplicáveis, tendo em vista uma maior eficiência na utilização dos recursos; - uma efectiva cooperação em matéria de implementação de medidas anti-dumping.Mas, a UE deve reformular a sua política comercial, levando em consideração as suas vantagens competitivas dinâmicas, adoptando medidas proteccionistas selectivas quando necessário em relação a países terceiros, apostando, simultaneamente, em mercados prioritários e estrategicamente relevantes, quer numa perspectiva de soft internationalization, quer numa perspectiva de hard internationalization ou, até mesmo, de intermediate internationalization.A UE tem de diversificar os seus mercados de destino, procurando, ainda, minimizar dependências externas significativas.Deverá considerar estratégicos sectores como os da IA-Inteligência Artificial, das indústrias automóvel, aeronáutica, energética, das telecomunicações, da indústria farmacêutica e da indústria da defesa.Tem de adaptar a indústria agro-alimentar aos novos tempos e dar relevância à exploração dos oceanos, designadamente do Oceano Atlântico, desenvolvendo parcerias com o Continente Africano e a América Latina.Tem, também, de concretizar parcerias nesses continentes e no Ártico, com vista a aproveitar “minérios ricos” que permitam valorizar cadeias de valor, desenvolvendo a energia nuclear na Europa e reforçando uma indústria militar competitiva.A UE tem de conciliar a defesa de valores fundamentais, como os Direitos Humanos, a Liberdade e a Tolerância, com uma postura neo-realista que implique a adopção de comportamentos pragmáticos, mas sem renunciar aos sobreditos valores, numa perspectiva de médio e longo prazos.A Europa tem de apostar em liderar a inovação e o progresso tecnológico, mas sem renunciar à regulação, ao compliance e à good Governance.E tem de adoptar metodologias de decisão interna, no quadro da UE, mais ágeis e expeditas que ultrapassem a regra da unanimidade, reforçando a sua liderança supranacional e evitando entropias resultantes de burocracias anquilosantes.E tudo isto em pouco tempo, contribuindo para criar um sentimento europeu que seja um factor congregador, aglutinador, de “vontades europeias”.Numa palavra, nunca como hoje se sentiu tanto a necessidade de se criar um sentimento, assente numa cultura cristã e em valores filosóficos de matriz greco-romana, bem como numa praxis ditada pela Tolerância e pelo respeito ao próximo, sentimento esse que se assuma como verdadeiramente “patriótico”.É isso mesmo. Estamos, também, a precisar de uma Segunda Pátria, a saber, a “Pátria Europeia“.Nem mais, nem menos… Economista e professor universitárioEscreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico