Dar voz aos portugueses — uma democracia que escuta
Portugal precisa de uma nova forma de fazer política. Uma política que escuta. Que respeita. Que confia nas pessoas. Se for eleito Presidente da República, quero que os portugueses saibam, sem margem para dúvidas: a vossa voz contará. Sempre.
Estamos num tempo em que muitos se sentem afastados das decisões. Votam, mas depois veem a política fechar-se sobre si própria. É altura de mudar isso. É altura de dar aos cidadãos um papel mais ativo e mais direto nas grandes decisões nacionais. Não apenas através de eleições, mas também de referendos. De consultas públicas. De mecanismos claros para ouvir o país.
A verdade é simples: Portugal tem recorrido muito pouco ao referendo. Apenas quatro ao longo da nossa história. E nos três que aconteceram em democracia, nem sequer houve participação suficiente para serem vinculativos — embora, felizmente, os governos tenham respeitado o resultado. Mas não podemos viver de exceções. O que está em causa é o princípio: os portugueses devem ser chamados a pronunciar-se nas grandes escolhas nacionais.
Olhemos para outros países. A Suíça é o exemplo mais claro: realizou 16 referendos nacionais só nos últimos dois anos. Desde 1848, já foram cerca de 600, uma média de 4 por ano. E não falamos de questões menores — falamos de pensões, impostos, saúde, clima, contratos de arrendamento. A democracia lá funciona porque confia nos cidadãos. E os cidadãos retribuem com responsabilidade e participação.
A Itália já fez quase 80 referendos. A Austrália, 44. A Irlanda, 39. A Dinamarca vários sobre a sua posição na União Europeia. Não têm medo de perguntar às pessoas. Porquê? Porque sabem que uma democracia forte é uma democracia que escuta.
Em Portugal, temos de vencer esse medo. Medo de dar voz ao povo. Medo de que os cidadãos não saibam decidir. Essa desconfiança tem um custo enorme: afasta as pessoas, alimenta o desinteresse, mina a confiança.
Como Presidente da República, estarei do lado da participação. Sempre que estiver em causa uma mudança estrutural, uma decisão com impacto profundo no futuro de todos, defenderei que seja o povo a decidir. E quero também que se criem formas mais simples, seguras e modernas de auscultar os portugueses de forma regular com o recurso ao voto eletrónico — porque a democracia não pode ser um ato esporádico. Tem de ser contínua. Viva. Autêntica.
É assim que quero servir Portugal. Com escuta. Com proximidade. Com humildade democrática.
Porque acredito nisto: quanto mais ouvirmos os portugueses, melhor será o futuro que construiremos juntos.
Candidato à Presidência da Républica