Da Teoria da Relatividade Económica

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Em qualquer primeiro ano de um curso de Economia, os professores procuram explicar que se parte do pressuposto da racionalidade comportamental dos agentes económicos.

O princípio da racionalidade deveria ser um pressuposto da Ciência Económica.

Todavia, a Maria quando acaba as suas aulas e decide ir almoçar a um restaurante não procedeu a uma análise custo-benefício de todos os restaurantes nas redondezas da escola. Ela vai almoçar com a Sofia ou com o José porque prefere essas companhias e acredita no bom gosto gastronómico dos dois.

Trata-se de um “efeito de imitação”.

E quando o Ricardo decide investir na Bolsa, não vai começar a estudar, profundamente, a situação económico-financeira das principais empresas nela cotadas.

Vai consultar, por exemplo, o corretor Maya Macedo, considerado um dos especialistas.

Trata-se de um “comportamento Follow the Leader”, em que se pressupõe (por vezes com poucos fundamentos) a competência do dito leader.

E quando um consumidor está a usufruir de um excelente salmão fumado no restaurante “Fouquet”, em Paris, pode o mesmo atingir um elevado grau de satisfação individual.

Mas, se estiver a usufruir de um igualmente bom salmão fumado, preparado pelo mesmo cozinheiro, no restaurante “O Poeta” na cidade da Praia, do qual guarda gratas recordações pessoais, pode atingir um grau de satisfação superior, por razões particularizantes.

Trata-se da relevância do contexto.

E o Miguel, se obtiver a classificação de 13 em Economia do Desenvolvimento, não conhecerá o mesmo grau de satisfação se tiver, porventura, obtido a melhor classificação da turma ou se, em alternativa, tiver obtido a pior classificação dessa mesmíssima turma.

Trata-se do “efeito comparatividade”.

Logo, as decisões dos agentes económicos são influenciadas por fatores de natureza psicológica e particularizantes, tendo, ainda, em conta os seus “egoísmos subjetivos”.

Portanto, nem tudo é racional na Economia, tornando-se, simultaneamente, necessário entrar em linha de conta com o que se convencionou designar de conhecimento interdisciplinar.

Vem tudo isto a propósito da necessidade de se pensar numa Nova Teoria da Relatividade Económica, em que se procura integrar fatores particularizantes na explicação do comportamento dos agentes económicos e das instituições.

E essa nova Teoria irá influenciar, no futuro, um qualquer Novo Diamante Macroeconómico, bem como qualquer Novo Diamante Microeconómico, no encontro das soluções de sucesso para a economia que venha a ser objeto de estudo.

Daí o autor do presente artigo ser defensor da relevância de um Novo Diamante da Relatividade Económica na explicação do comportamento dos agentes económicos, bem como das instituições.

Sendo que o Novo Diamante da Relatividade Económica terá de ser sensível a fatores relevantes como o Padrão de Desenvolvimento, a Perceção da Dinâmica Desenvolvimentista, a Good Governance, as Estruturas Participativas, a Qualidade das Infraestruturas de Enquadramento” e o “Grau de Mobilidade” da sociedade objeto de investigação.

Trata-se, enfim, de uma Tese algo heterodoxa, mas que apresenta a sua lógica própria.

Nem mais, nem menos…

Economista e professor universitário

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