“Dá-me uma moedinha?”. “Não tenho”. “Então faz MB WAY”

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Passear pelas ruas movimentadas de Lisboa é sempre um exercício agradável e surpreendente. E, agora, ilustrativo do que podemos apelidar de pedinte 2.0.

Agradável porque a capital portuguesa é, de facto, uma cidade cosmopolita, onde se encontram pessoas de todas as nacionalidades e gostos a usufruir das ofertas que existem, principalmente nas zonas mais turísticas, mas com muitos segredos por desvendar pelas ruas dos bairros das suas colinas, apesar de nem tudo ser um oásis, claro.

Um dos desafios  que se enfrenta ao andar pelas ruas - principalmente na Baixa, mas não só - é o de evitar as inúmeras ofertas que aí são feitas.

Ao mesmo tempo que se pode apreciar as representações de dança, música ou de malabarismo efetuadas por grupos ou em individual - e depois deixar uma moeda no recipiente que todos colocam no chão -, também somos presenteados com ofertas e pedidos que nos deixam com um sorriso.

Por exemplo, em vários locais da cidade já me ofereceram relógios da marca suíça Rolex a preços acessíveis. Aliás, comparando com o valor real da marca - uma procura online  mostra que os mais baratos custam à volta dos 2000 euros - posso dizer que na rua essa compra fica mesmo a preços de não deitar fora. O problema é que provavelmente ou não funcionam ou são uma imitação muito boa. Mas só isso.

Também já me tentaram vender haxixe com o lema “queres chamom? Este é bom”. Lamento dizer que não sei se era bom, mas tenho as minhas dúvidas.

E que dizer dos malabaristas que se exibem nas estradas junto aos semáforos aproveitando os minutos em que os carros estão parados para fazer as suas performances e  depois pedir “uma moedinha”. E da venda de roupa e bugigangas com que somos atacados nas principais ruas frequentadas pelos turistas?

A verdade é que quem anda pela cidade - e não só em Lisboa - conhece todas estas vertentes de negócios, cujos vendedores protagonizam também o que é uma verdadeira prova de escondidas das autoridades. Quem nunca assistiu à velocidade com que relógios, pacotes de erva ou roupa desaparecem quando os negociantes desconfiam, ou veem as fardas, que se aproximam autoridades?

Mas agora parece que já estamos num patamar diferente de todas estas formas de pedir/conseguir dinheiro.

Recentemente um amigo contou-me que ia na rua e um indivíduo chegou ao pé dele e pediu-lhe “uma moeda”. Como esse meu conhecido respondeu que não tinha moedas com ele, o pedinte não desistiu, antes pelo contrário. Numa demonstração de estar muito a par da evolução tecnológica e das formas de pagamento cada vez mais utilizadas respondeu tranquilamente: “Então faz um MB WAY.”

A pessoa em causa ficou surpreendida com a resposta. Claro que não fez a transferência, mas ficou a saber que até quem anda a pedir dinheiro na rua já está num patamar superior.

E o leitor fica a saber: já não precisa de ter moedas para dar, por exemplo, no estacionamento. Pode sempre perguntar se pode fazer um MB WAY.

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