Casais que não têm sexo
Muitos casais não têm relações sexuais ou têm-nas com uma frequência muito baixa. E se, para alguns deles, isto representa um problema, outros sentem-se bem a viver desta forma.
A sexualidade é um aspeto central do ser humano ao longo da vida e relaciona-se com o sexo, identidades e papéis de género, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a sexualidade é vivida e expressa através de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem sempre estas são vividas ou expressas, tendo em conta a influência de fatores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, políticos, culturais, jurídicos, históricos, religiosos e espirituais.
Significa isto, antes de mais, que a sexualidade é muito mais do que sexo, envolvendo outros ingredientes tão importantes como o amor, o contacto, a ternura e a intimidade. Uma sexualidade gratificante vai muito para além do desempenho sexual e implica também conseguir aceder ao seu mundo emocional e ao mundo emocional do outro. Quando se vive a sexualidade com o foco exclusivo no desempenho, quase como uma obrigação, assiste-se a uma perda de sensualidade e de intimidade.
Manter uma vida sexual satisfatória revela-se um desafio para muitos casais, tantas vezes pressionados pelas expectativas, preconceitos e tabus, ao mesmo tempo que sentem o corpo mudar com o tempo e o acumular das preocupações. Neste contexto, é fácil perder-se algum espaço na intimidade do casal, em prol de outras prioridades, como os filhos, a casa ou o trabalho.
"Uma sexualidade gratificante vai muito para além do desempenho sexual e implica também conseguir aceder ao seu mundo emocional e ao mundo emocional do outro. Quando se vive a sexualidade com o foco exclusivo no desempenho, quase como uma obrigação, assiste-se a uma perda de sensualidade e de intimidade."
Existem, assim, diversos fatores ou situações que podem contribuir para uma diminuição do desejo e da atividade sexual, como sejam os problemas de saúde (física ou psicológica), o stresse, os efeitos secundários de medicação ou algum tipo de disfunção sexual. Da mesma forma, a vivência de situações de crise negativas, as relações conflituosas, a fadiga, a indisponibilidade emocional e a monotonia sexual podem contribuir para esta diminuição do desejo e atividade sexual.
Não obstante a identificação destes fatores, existem casais que se sentem bem "convivendo como irmãos", como dizia alguém. Pois bem, não ter sexo não tem de ser, necessariamente, um problema, desde que seja compreendido e aceite por ambos os elementos do casal. Caso contrário, revela-se, sim, um problema.
Neste caso, importa identificar o que poderá estar a contribuir para uma diminuição da satisfação sexual e o que pode ser feito no sentido de reverter a situação, sendo certo que a procura de ajuda especializada pode revelar-se um caminho muito importante para muitos casais.
Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal